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Sete dicas para quem quer trabalhar depois da aposentadoria

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Veja opções de atividades rentáveis e cuidados para não transformar a segunda vida profissional num pesadelo

Depois de trabalhar como engenheiro durante mais de 40 anos, Jurandir Picanço Júnior, 67, finalmente se aposentou. Mas a ideia de não ter uma atividade não lhe agradava. Então decidiu pegar uma pequena quantia do dinheiro de seu patrimônio e, em sociedade com a sua filha, abrir uma microfranquia. “Recomendo a todos os aposentados que desenvolvam uma atividade. Se não estivesse nesta, estaria em outra,” diz.

O que mais o estimula, diz, é o mercado que escolheu para atuar. “É um trabalho completamente diferente do que eu fazia, mas esta atividade tem uma perspectiva de futuro muito grande,” afirmou. Antes, ele trabalhava no ramo de construção. Agora, montou uma franquia de cuidadores de idosos, chamada Home Angels, em Fortaleza. “Minha filha é psicóloga e resolveu se dedicar aos idosos. Como o investimento não comprometeria meu patrimônio, decidi trabalhar com ela,” diz.

Para consultores, buscar uma atividade depois da última carimbada na carteira de trabalho, assim como fez Picanço, pode ser uma ótima ideia. “Conheci pessoas que se aposentaram com 44 anos e outras que chegaram a ter uma segunda vida profissional ainda mais longa do que a primeira,” diz Isaac Pinski, da Pinski Consultoria.

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Mas para não transformar a tão sonhada aposentadoria em um pesadelo, é preciso estar preparado e seguir algumas regras. O próprio Jurandir alerta para a primeira: “Se a opção de trabalhar exigisse um desembolso maior de capital, eu não aceitaria. Ainda que fosse enorme a possibilidade de ganho, não teria entrado,” diz.

Neste 24 de janeiro, dia do aposentado, o iG consultou especialistas que deram sete dicas para quem também quer continuar com uma atividade rentável ao se aposentar. Confira:

1) Não comprometa seu patrimônio

O caso de Jurandir é um excelente exemplo para quem não quer deixar de ter uma atividade rentável quando chegar a hora da aposentadoria. Se o aposentado optar por continuar a trabalhar, a regra número um é não colocar em risco o patrimônio, afirma Reinaldo Domingos, educador financeiro e presidente do Instituto DSOP.

“Não dá para pegar o fundo de garantia e todas as economias e abrir uma grande franquia, por exemplo. Sempre é possível que o negócio dê errado, o que o levaria a perder tudo,” diz Domingos.

2) Tenha um sócio

Antes de assumir toda a responsabilidade sozinho, achando que terá para sempre o mesmo vigor físico e a mesma agilidade com o raciocínio, o aposentado deve pensar em ter um sócio. Assim, consegue dividir tarefas e trocar ideias.

De Julio sugere que o aposentado se policie para não ficar pensando que tem toda a experiência do mundo e, por isso, não precisa de ninguém. “Eu indicaria sempre trabalhar com sócios. Não apenas o parceiro financeiro, mas alguém que troque informações. O trabalhador vai ficando mais velho e, muitas vezes, precisa de alguém para discutir opiniões e manter o negócio atualizado,” afirma.

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3) Consultorias são boa oportunidade para aproveitar a experiência

Se a aposentadoria já está deixando saudades dos tempos em que era admirado e reconhecido em sua atividade, por que não voltar para ela? Fazer consultoria é uma ótima oportunidade, diz De Julio, uma vez que será possível colocar sua experiência em prática de uma forma mais leve.

“Se o trabalhador viajava bastante a trabalho, por exemplo, pode oferecer consultorias de viagens para executivos ou para terceira idade” diz. Para fazer isso, não é preciso um grande investimento, já que o escritório pode ser pequeno ou o serviço pode ser no espaço do cliente. Outra opção é dar consultoria matrimonial, caso o aposentado tenha muito tempo de casado.

4) Microfranquias permitem trabalhar com algo totalmente diferente

As microfranquias nada mais são do que franquias de baixo investimento, assim, podem ser uma opção para aposentados, já que não se deve usar grande parte do patrimônio para investir em um novo negócio depois de aposentado. Há diversas opções que custam entre R$ 15 mil e R$ 25 mil, diz Marco Imperador, sócio-diretor da empresa de microfranquias Zaiom.

Outra vantagem é a possibilidade de fazer algo totalmente diferente da atividade que consumiu tantas horas nos anos anteriores. Imperador diz que isso é possível uma vez que as microfranquias permitem a transferência de conhecimento sobre o negócio. “Quando temos uma pessoa que passou a vida inteira em uma atividade só, é difícil começar algo diferente. Mas a franquia já vem com know-how,” diz.

5) Converse na empresa sobre a possibilidade de continuar a trabalhar lá

Nos Estados Unidos, é bastante comum o trabalhador prestar serviço para a mesma empresa depois de se aposentar, o que poderia ser uma boa opção para os brasileiros, na opinião Pinski. “São pessoas que adquiriram uma bagagem de conhecimentos e experiências extremamente valiosas e que infelizmente, no nosso País, muitas vezes não são reconhecidas,” afirma.
A recomendação dele é que, caso o aposentado tenha o desejo de seguir na mesma companhia, tente conversar. “Acho que a empresa tem muito a ganhar com isso e o funcionário também.”

6) Prepare-se para ficar sem a tão esperada liberdade
É louvável e válido querer continuar trabalhando, diz o consultor financeiro Antonio De Julio, do MoneyFit. Mas é preciso ter em mente que poderá colocar em cheque a liberdade que demorou tantos anos para conquistar, afirma.

Ele sugere que, depois de ter certeza que não sofrerá com a falta de liberdade, o aposentado planeje bem seu negócio e determine previamente os fluxos de trabalho, de preferência com uma carga horária menores do que anterior. Também é preciso saber, de antemão, se a nova atividade permitirá tirar férias e fazer uma programação, de acordo com o tipo de negócio, para poder descansar algumas vezes no ano.

7) Faça algo que de que realmente goste

É comum encontrar pessoas que passaram a vida trabalhando a contragosto. Portanto, quando consegue se libertar, nada de repetir o erro, diz De Julio. Se pretende ter uma segunda vida profissional, não faz nenhum sentido fazer algo de que não goste. “Antes de tomar qualquer decisão, é essencial perguntar: ‘eu gosto do que vou fazer?’”, diz o consultor.

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