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Período de afastamento de trabalhadores subiu em 2017

Fonte: DCI

Redução do número de funcionários e aumento da competitividade no setor durante a crise estão entre as causas do aumento, de acordo com especialista

RENATO GHELFI • SÃO PAULO

Os trabalhadores da construção civil paulista ficaram, em média, 1,8 dia afastados do serviço no ano passado. O número é maior que os verificados em 2016 (1,6 dia) e em 2014 (1,4 dia). É o que apontam os dados apresentados ontem (7) pelo Serviço Social da Construção (Seconci-SP).

Na opinião da porta-voz do estudo, o aumento registrado nos últimos anos é muito pequeno. “Não é algo preocupante. O mais relevante é que o período de afastamento dos trabalhadores não superou os dois dias”, afirma Norma Araújo, superintendente do Instituto de Ensino e Pesquisa Armênio Crestana (Iepac), do Seconci-SP.

Entretanto, especialistas consultados pelo DCI defendem que as condições de trabalho dos funcionários do setor pioraram durante os anos de recessão. “Com a economia mais fraca, os recursos para capacitação e segurança do trabalho diminuem, o que acaba prejudicando os trabalhadores”, diz Marilane Oliveira Teixeira, pesquisadora do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit), da Unicamp.

Além disso, a redução do número de pessoas empregadas pela construção civil, aliada a um aumento da concorrência das empreiteiras pelos poucos projetos disponibilizados no Estado, sobrecarregou os funcionários que mantiveram seus cargos durante os últimos anos, diz Marilane.

Ela cita também a elevada rotatividade dos trabalhadores entre os motivos do maior período de afastamento. “A troca de funcionários não favorece a formação de ambientes saudáveis.”

A pesquisa mostra que 43 mil consultas médicas não ocupacionais foram realizadas na Unidade Central do Seconci-SP em 2017, com a emissão de 5.525 atestados no período, uma queda de 27% em relação às emissões realizadas no ano anterior.

Menos empregados

Uma das razões para a entrega de menos atestados foi a diminuição do número de trabalhadores na construção paulista, afirma Norma, do Seconci-SP. “O contingente de empregados caiu bastante durante a crise”. Outros motivos desse recuo, diz ela, são um avanço do investimento empresarial em segurança e um aumento da consciência dos funcionários em relação à saúde.

Marilane, por outro lado, repete que a crise causou uma diminuição dos recursos direcionados à segurança dos trabalhadores. A entrevistada vê uma tendência pouco positiva para os próximos anos. “Os recursos do setor público, que é o responsável por grande parte obras, devem continuar escassos. E a maioria das empreiteiras ainda está se recuperando da crise econômica.”

Segundo a pesquisa, os principais motivos para o afastamento do trabalho, em 2017, foram dores nas costas, juntas e inflamações (30,1%), gastrite, diarreia, úlceras e inflamação intestinal (5,2%) e hipertensão e doenças cardiovasculares (5,3%).