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Sindicatos querem mínimo de R$ 560

Centrais propõem valor com 4% de aumento real, que usarão como ponto de partida
para discussão com o governo
Cristiane Jungblut
BRASÍLIA. Na primeira reunião para discutir o reajuste real para o mínimo que
vai vigorar a partir de janeiro, ontem, as centrais sindicais propuseram um
valor de R$ 560. Esse, no entanto, deve ser o ponto de partida para a negociação
com o governo e o Congresso. Esse valor representaria uma variação de 9,8% em
relação aos R$ 510 atuais, e quase 4% de aumento real (acima da inflação).
Na proposta orçamentária enviada ao Congresso, anteontem, o governo, seguindo a
regra de valorização do salário mínimo, estabeleceu o piso salarial do país em
R$ 538,15, com correção apenas da inflação de 2010 (5,5%), já que o PIB do ano
anterior (2009) — índice que se soma à inflação para o reajuste do mínimo — foi
negativo.
Em nota, dirigentes das centrais sindicais, entre elas CUT e Força Sindical,
explicam que chegaram a esse valor “arredondado para cima” depois de aplicar a
reposição da inflação do período (5,52% pelo INPC), e ainda 3,8%, fruto da média
do PIB de 2006 a 2009.
Antes da reunião de ontem, a posição das centrais, em especial da Força
Sindical
, era aplicar o PIB previsto para 2010, em torno de 7%, o que elevaria o
mínimo para R$ 570 em 2011. Um indicativo de que a proposta de R$ 560 é mesmo o ponto de partida das negociações.
Ontem, o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizou que deixará para
o Congresso a definição do reajuste: — Vocês percebem que até lá vai ter alguém
para fazer esse jogo que não seja eu.
A proposta das centrais, se aprovada, elevará o impacto nas contas da
Previdência para R$ 14,3 bilhões, contra os R$ 8,06 bilhões da proposta original
do governo (R$ 538,15). Segundo o Ministério do Planejamento, cada real
concedido como aumento ao mínimo causa um impacto de R$ 286,4 milhões no INSS
(ou cada ponto percentual causa um rombo de R$ 1,46 bilhão).
O secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, disse que as
centrais seguiram o conselho do próprio ministro do Planejamento, Paulo
Bernardo, que disse, na véspera, que se poderia “arredondar” os R$ 538,15 para
R$ 540 nas negociações com o Congresso.
— Aproveitando a deixa do ministro, arredondamos o valor.
Agora, entraremos em contato com o governo — disse.
As centrais querem iniciar imediatamente as negociações, mas elas só devem
começar quando o Congresso voltar do recesso branco eleitoral e quando o país
tiver um novo presidente eleito, que terá participação nas discussões.
Representantes da CUT, Força Sindical, UGT, CTB, CGTB e Nova Central se reuniram ontem, em São Paulo, para discutir o assunto. Em nota, pedem “abertura imediata
de negociação do governo com as centrais” e propõem “o valor arredondado de R$
560”.
As entidades dizem que isso não contraria o cumprimento da atual regra. Explicam
que adotaram a média do PIB dos últimos anos e lembraram que a política de
valorização do mínimo tem ajudado “no fortalecimento do mercado interno,
essencial para o desenvolvimento soberano do país.