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Taxa de produtividade sobe bem mais que o salário

Tal qual o morcego hematófago, o empresário da indústria brasileira vem se alimentando exclusivamente do sangue do trabalhador. Segundo estudo da subseção Dieese da Força Sindical, a taxa de exploração da mão de obra no país ultrapassou todas as expectativas dos trabalhadores.

No caso da indústria da madeira, a produtividade superou os salários em 37,29%, configurando um recorde no setor industrial.  A constatação vem de um estudo realizado pela subseção Dieese da Força Sindical, com base em dados do IBGE.

Segmentos campeões
De 18  segmentos industriais analisados, em 15 deles a produtividade das empresas cresceu bem mais do que os salários, entre janeiro e maio de 2010 ante o mesmo período do ano passado.

Somente em três segmentos os salários ultrapassaram a produtividade: fumo, têxtil e papel e gráfica. “Nos demais, os  ganhos de produtividade (pessoa física/pessoal ocupado) superam os ganhos salariais”, destaca o economista da subseção do Dieese, Airton Gustavo dos Santos.

Aumento do salário
O aumento da produtividade também subiu bem mais do que os salários na metalurgia básica (34,05%), máquinas e equipamentos (33,90%) e produtos de metal (32,82%).

Os dados semestrais do Ministério de Trabalho e Emprego (MTE), que envolve todos os segmentos econômicos, revelam que houve um aumento de 4,86% no salário médio dos trabalhadores admitidos nesses primeiros seis meses do ano em relação aos seis meses do ano anterior.

Índice baixo
“Este índice é irrisório se levarmos em conta que houve em alguns segmentos expressivas diferenças entre ganhos de produtividade e ganhos salariais muito superiores aos 4,86%, afirma o secretário geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna.

“Existe espaço nas negociações deste segundo semestre  para a obtenção de maiores ganhos reais e PLR com valores bem mais elevados”, diz sindicalista. “Para isso, precisaremos unificar as campanhas salariais nas cidades e nos estados”, completa Juruna.

Unificação da campanha
O presidente em exercício do Sintepav da Bahia, Irailson Warneaux de Olveira, observou que a campanha salarial do setor foi unificada em 2008, o que levou o sindicato a fechar um acordo de 11% de aumento salarial na campanha deste ano.

“Conseguimos bons aumentos para os pisos das categorias por causa da elevação do salário mínimo regional”, explica o presidente da Força Sindical-SC, Osvaldo Mafra. “Não podemos negociar o piso profissional abaixo do salário mínimo regional”, insiste o presidente da Força Sindical-MT, Manoel de Souza.

Seminário
 “Queremos que a Força Nacional chame seminários nos estados para contar a experiência da unificação as datas-base em São Paulo”, reivindica José Fernandes, vice-presidente da Central-CE.

“Além das cláusulas econômicas, devemos reivindicar benefícios sociais, pois a redução da jornada de 48 para 44 horas semanais e a licença maternidade já eram realizadas em convenções dos metalúrgicos e químicos muito antes de serem consagradas na Constituição, em 1988”, esclarece Sergio Luiz leite, o Serginho, presidente da Fequimfar.