A notícia que a Ford do Brasil encerrou suas atividades no país não chega a ser uma surpresa. Talvez o fato de fazê-lo em meio a uma terrível pandemia, colocando indiscriminadamente mais milhares de trabalhadores na rua, dê uma dimensão ainda mais terrível a um sistema econômico que não possui nenhum compromisso com as questões sociais.
Empresários e governos levantam a bandeira do “custo Brasil ” e têm conseguido rapidamente destruir direito dos trabalhadores em nome de uma competitividade insana em um mercado insano que vem, cada vez mais, devorando a si próprio.
A tecnologia que deveria trazer bem estar aos povos é a mesma que causa desemprego, miséria e desigualdades imensas novamente em nome do mercado.
Assim, governos alinhados ou vendidos a essa lógica cruel, entregam seus trabalhadores à condições cada vez mais precárias de trabalho e de vida. No caso do Brasil, uma total ausência de uma política industrial ou de qualquer política econômica que não seja a destruição do Estado e de direitos, transforma essa realidade em algo ainda pior.
A Ford encerra suas atividades no país; a Volkswagen e o Banco do Brasil abrem PDVs para diminuírem seus quadros e, na verdade, nada disso é muita novidade. Após décadas e décadas extraindo lucros, jogam na rua os mesmos que geraram suas riquezas.
Temos combatido tal realidade faz muito tempo. Mas também é fato que, se quisermos reverter algo em favor da classe trabalhadora, precisamos fazer que a mesma entenda e se posicione contrariamente a tudo isso.
Para os sindicatos é mais que um desafio. É uma missão de resgate e de valorização daqueles que verdadeiramente geram as riquezas do pais.
Eliseu Silva Costa
Presidente da Federação do Metalúrgicos do Estado de São Paulo