Notícias

Um quarto dos jovens de 16 ou 17 anos que trabalha não vai à escola

Mais de 90% das crianças e adolescentes ocupadas, que estudam, frequentam escolas públicas

POR DAIANE COSTA

RIO – Entre os diversos efeitos perversos do trabalho infantil sobre o desenvolvimento dos jovens, um dos que mais preocupa especialistas fica evidente nos dados da mais recente Pnad Contínua sobre o tema, divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira. Eles mostram que a frequência escolar cai entre os grupos de crianças e adolescentes que trabalham.

Esse efeito afeta mais adolescentes de 16 ou 17 anos. Um quarto (25,1%) ou 303 mil jovens dessa faixa etária ocupados no ano passado não frequentavam a escola. Eles fazem parte de um universo de 1,21 milhão de adolescentes de 16 ou 17 anos que estavam empregados, em ocupações formais ou sem registro — situação que caracteriza trabalho infantil. Já entre os jovens dessa mesma faixa etária que não trabalhavam, a proporção que estava fora da escola caia para 13,9%.

Os dados também mostram que os grupos de idade mais elevada têm taxas de escolarização, ou seja, de frequência escolar, menores tanto entre os que trabalham quanto entre os que não trabalham.

Entre o grupo de 5 a 13 anos que trabalhava, 1,6% ou 3 mil não frequentavam a escola. Entre os da mesma idade que não trabalhavam 1,4% não frequentava a escola. Entre o grupo de 14 ou 15 anos ocupado, 7,6% ou 32 mil não estavam na escola. Entre os que não trabalhavam, cai para 2,9% o percentual de jovens dessa idade foram da escola.

De um total de 1,8 mil jovens e adolescentes ocupados entre 5 e 17 anos em 2016, 340 mil ou cerca de 20% deles não frequentava a escola. A maior parte das crianças e adolescentes que trabalham e estudam frequentavam escolas públicas (95%) enquanto 5% estudava em escola da rede privada.

A pesquisa também identificou que a ocupação das crianças de 5 a 17 anos se concentra mais em lares chefiados por mulheres com nível de instrução mais baixo, entre as sem instrução até o ensino médio incompleto.