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Veja a repercussão da decisão do Copom sobre a taxa de juros


Taxa Selic foi mantida em 8,75% ao ano pela 5ª vez consecutiva.

Parte dos analistas esperava alta dos juros já nesta reunião.

Do G1, em São Paulo

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de manter pela quinta reunião consecutiva a taxa básica de juros inalterada em 8,75% ao ano era esperada pela maioria dos analistas de mercado, mas uma parcela deles esperava que a taxa pudesse subir já na reunião desta terça (16) e quarta-feira (17). A taxa Selic está nesse patamar desde 22 julho de 2009.

Veja o que analistas de mercado e entidades civis acharam da decisão do Copom:

Samy Dana, economista e professor da FGV de São Paulo

“A inflação dos últimos meses está superestimada. Em janeiro há muitos reajustes e nem sempre os índices de inflação são reflexo da economia. Os juros não deviam mesmo ter subido agora. A inflação está contida.”

Miguel Daoud, economista e consultor da Global Financial Advisor

“A inflação corrente e a inflação passada não significam nada diante da expectativa de inflação. A expectativa de inflação está acima de 5%, ou seja, acima do centro da meta [que é de 4,5% ao ano, com tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo]. Eu não esperava [a manutenção], achava que iam aumentar os juros. Na próxima reunião sem dúvida vão aumentar.”

Antônio Pôrto, economista e professor da FGV do Rio de Janeiro

“Dada a situação da ecoomia mundial, a decisão [de manter os juros] não vai ter grande impacto inflacionário. A demanda interna está ativada, mas é compensada pela situação externa fraquinha. Também tem um fundo político, de não subir os juros perto da eleição. O mais provável é que suba um pouco [nas próximas reuniões], mas não muito, por causa das eleições.”

Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp)

“A decisão de hoje (17/3) tomada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil, em manter a taxa básica de juros (Selic) em 8,75%, é uma demonstração de respeito à produção, ao crescimento, ao emprego e, acima de tudo, ao Brasil. A Fiesp, embora entenda que há condições seguras para que a Selic seja mais baixa, recebe bem a decisão do Copom em mantê-la no atual patamar.”

Armando Monteiro Neto, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI)

“Apesar dos resultados positivos atualmente observados, a indústria ainda está em recuperação e não alcançou os níveis pré-crise. Em especial, o nível de utilização da capacidade instalada é bem inferior ao de setembro de 2008. O aumento dos juros neste momento colocaria um freio nas decisões de investimento e comprometeria a retomada do crescimento.”

Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força Sindical

“A decisão de manter a taxa Selic é uma perversidade para com os trabalhadores. O termômetro dos tecnocratas do Banco Central tem se mostrado extremamente frio com o setor produtivo, que gera emprego e renda, mas apresenta uma temperatura muito agradável para os especuladores. Esta decisão está em descompasso com a perspectiva de um crescimento expressivo da economia brasileira. […] Infelizmente, o Copom segue insistindo em impor um forte obstáculo ao desenvolvimento do país.”

Orlando Diniz, presidente da Fecomercio-RJ

“A Fecomércio-RJ concorda com a decisão do Banco Central de manter os juros, mas não vê motivos para um aumento na taxa Selic em um futuro próximo. A alta é um obstáculo para o mercado doméstico, que impediu uma queda maior do PIB em 2009. Além disso, a atividade econômica está sob controle. O resultado do PIB mostrou evolução robusta dos investimentos, que darão fôlego à produção; já a retirada de incentivos fiscais importantes […] contribui para a desaceleração.”

Associação Brasileira da Infra-estrutura e Indústrias de Base (Abdib)

“O Copom acertou em manter a taxa Selic em 8,75% ao ano.[…] Para a Abdib, a aceleração no crescimento dos preços nas primeiras semanas do ano foi conseqüência de fatores sazonais e conjunturais e não justificam uma elevação da taxa Selic. […] Há uma margem importante de ociosidade na indústria – cerca de 17%, em média – que pode absorver aumento da demanda no curto prazo sem pressionar os preços. Além disso, os investimentos industriais e em infraestrutura estão em trajetória de crescimento, o que elevará a capacidade de ofertar bens e serviços.”

Miguel Torres, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes

“O Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes repudia a decisão do Copom […], fazendo com que o Brasil continue sendo líder no ranking mundial de juros reais. O momento é de investir para gerar emprego e renda. A manutenção dos juros só serve para restringir o crédito, permitir que os bancos continuem alimentando-se de taxas abusivas e acenar que a produção deve seguir em ritmo lento diante das incertezas geradas por uma política econômica distante da realidade e das necessidades do país.”