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Dica de Filme – Vaidade. 2003, Brasil, Fabiano Maciel

O documentário Vaidade fala de um tipo de trabalho tão comum e tão fora dos padrões. Um jeito alternativo e informal de ingressar no mercado de trabalho: revender cosméticos de porta em porta.

Vaidade retrata, com charme, histórias de mulheres revendedoras de cosméticos na Amazônia. O filme não entra nos meandros escusos da economia das grandes empresas de cosméticos. Seu enfoque é o dinamismo deste comércio no norte profundo do Brasil. Fiel ao tema da beleza o documentário tem uma fotografia caprichada e uma leitura estética da forma e do gestual das mulheres que vivem da perfumaria.

A escolha da região amazônica não se dá por sua distância inerente ou pelo seu isolamento encantado. Ao contrário, falar da venda de cosméticos na Amazônia é trazer à luz o crescimento exponencial desta economia, o sucesso nas vendas e a dedicação de seus comerciantes. A atividade é tão expressiva na região que pode passar de geração a geração. E estes produtos vão de grandes marcas, como a Avon, a Natura e o Boticário, até fabricação caseira, beneficiada pela rica oferta local de produtos naturais.

Em comum as revendedoras têm a vaidade e a necessidade de complementar o sustento das famílias. Para trabalhar, elas enfrentam dificuldades de locomoção, atravessam rios e estradas e desafiam os perigos da selva. As vendas só se realizam depois de muita caminhada.

O caso da Amazônia é um exemplo da ferocidade com que o Brasil entra de cabeça quando o assunto é se embelezar. Em 2009, por exemplo, nos tornamos o maior mercado e o maior exército de revendedoras da Avon no mundo, desbancando a liderança dos Estados Unidos. Se por um lado a atividade confere sensação de autonomia e empreendedorismo, por outro esconde os ganhos baixos e a total ausência de assistência às trabalhadoras.

E é no contexto da negligencia do Estado e do mercado formal que essas mulheres buscam incrementar a renda de forma criativa, fazendo bonito do jeito que dá. Com sua fluidez a perfumaria se infiltra nos cantos mais remotos do mundo, nos centros urbanos, passando pelo castelo sombrio de Edward Mãos de Tesoura, até onde só se chega por água, nos confins da floresta amazônica.

Por Carolina Maria Ruy