O mundo não atingirá o desenvolvimento sustentável se mantiver o padrão atual de crescimento e globalização, advertiu o diretor-geral da OIT (Organização Internacional do Trabalho), Juan Somavia.
“Existe um sistema que não quer um modelo que seja socialmente justo e respeite o ambiente. Temos um sistema financeiro muito forte e um reconhecimento ainda muito fraco dos direitos dos povos”, disse Somavia.
Há 13 anos na direção da OIT, que deixará em setembro próximo, o chileno Somavia foi a autoridade mais aplaudida numa apresentação da qual participaram o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e vários diretores de agências e programas das Nações Unidas.
No final, ele foi cumprimentado por um jovem que usava uma máscara do Anonymous, símbolo dos movimentos de indignados na Europa e do Ocupe Wall Street nos Estados Unidos.
Somavia disse que a dignidade do trabalho tem que estar no centro das preocupações mundiais. “O trabalhador não é só um consumidor. É uma pessoa. E isso está totalmente ausente do modo como organizamos o sistema.”
Piso de proteção social
Ele disse que as mudanças tecnológicas tendem a provocar desemprego e lembrou que uma das sugestões do documento é a criação de um piso de proteção social universal.
O tema da desigualdade na utilização dos recuros também foi abordado pelo brasileiro José Graziano, diretor-geral da FAO, a agência da ONU para agricultura e alimentação.
Ele disse que em 2050, quando a população mundial chegar a 9 bilhões, a produção de alimentos terá que aumentar de 50% a 70%. Mas que não é por causa de falta de alimentos que 1 bilhão de pessoas hoje não têm acesso regular à comida.
“Há problemas de distribuição e de desperdício. Enquanto 1 bilhão passam fome, há 1 bilhão de obesos que ainda assim podem estar mal nutridos”, disse Graziano.