De São Paulo, Porto Alegre e Recife
Janeiro trouxe um pouco mais de otimismo à indústria. Empresas relatam encomendas maiores que as do início do ano passado, em um movimento ainda ancorado no mercado interno, embora o câmbio seja um dos elementos da melhora do humor na indústria. Enquanto as empresas Democrata, de calçados, e Saccaro, de móveis, receberam pedidos até 20% superiores aos de janeiro do ano passado, os pedidos feitos à Marcopolo garantem produção até o fim de março. Em 2013, eles iam até fevereiro.
O tom mais otimista não é unanimidade, mas também aparece nas projeções dos representantes de revestimentos cerâmicos e papelão ondulado, que preveem crescimento de produção e vendas neste ano, porque acreditam na continuidade do aumento do consumo. Entre os pessimistas estão setores como os de eletroeletrônicos, máquinas e têxteis. Eles destacam a preocupação com a condução macroeconômica e o risco de a inflação afetar a renda dos consumidores.
Outras empresas colocaram em suas projeções a ajuda extra que virá das exportações, já que as exportadoras contam, neste início de ano, com uma melhora na rentabilidade perdida ao longo dos últimos anos. Auxiliados pelo câmbio e pelo aumento de preços, em alguns casos, 13 de 23 setores da indústria de transformação estão com operações mais rentáveis, o que lhes permite concorrer em melhor situação no exterior e mesmo internamente em relação aos importados.
Apesar de estimarem desempenhos diferentes, há algo em comum entre os empresários otimistas e pessimistas: todos ecoam a ideia de que o governo precisa gastar melhor, com prioridade ao investimento, e de que o atual patamar do câmbio – estimado pela maioria em até R$ 2,45 no fim do ano – não é o ideal para uma forte recuperação da indústria. Para os empresários, a taxa que poderia alavancar mais a competitividade, segundo estimativas feitas por eles, variou entre R$ 2,80 e R$ 3,50.