Montadoras suspendem contratos de trabalho

Na Volswagem (PR) e PSA Peugeot Citroën (RJ). Trabalhadores temem demissões na GM, em São Caetano

Desde segunda-feira a fábrica da PSA Peugeot Citroën no município de Porto Real, no sul fluminense, opera com 70% do seu efetivo de trabalhadores. A montadora suspendeu por cinco meses o contrato de 650 funcionários responsáveis por um dos turnos da unidade, devido aos impactos das restrições argentinas às importações de veículos brasileiros.

Em nota divulgada ontem, o grupo francês diz que a suspensão foi motivada pela demanda interna mais fraca por automóveis no ano passado, pelas restrições argentinas às importações de veículos brasileiros e pela “variação cambial desfavorável em relação ao euro, que penalizou o desempenho econômico do grupo no país”.

O trabalho em apenas dois turnos na unidade no sul fluminense representa uma redução de 27,5% da capacidade e limita a produção a 450 veículos por dia, segundo a própria empresa. O acordo com o sindicato foi fechado em assembleia no último dia 29 e prevê a suspensão do contrato de trabalho para os três turnos de produção, de forma intercalada, em períodos que podem variar de 2 a 5 meses.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Região Sul Fluminense, Bartolomeu Citeli, diz que os afastados farão cursos de qualificação e terão mantidos todos os benefícios previstos no acordo coletivo. Receberão seguro-desemprego e mais um complemento proposto pela multinacional para que não haja redução salarial. Se após cinco meses as vendas não voltarem ao normal, de acordo com o sindicalista, haverá revezamento e funcionários de outro turno terão os contratos suspensos.

Na fábrica da Volkswagen em São José dos Pinhais (PR), deve haver a suspensão do contrato de trabalho de 300 funcionários por até três meses, 12% dos trabalhadores da unidade. Em nota, a Volks informou que se trata de um “período de transição”, com “baixa demanda de mercado”.

Queda nas vendas pode resultar em demissões na GM

A preocupante queda na venda de dois modelos de automóveis da marca GM (General Motors) está no epicentro de um debate que pode resultar no fim do terceiro turno na fábrica da montadora em São Caetano do Sul, na Grande SP. O assunto está em debate entre trabalhadores e a empresa.

A informação foi confirmada ontem pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul. Os veículos que apresentaram quedas foram Cobalt (10%) e Montana (25%). Além disso, o Classic é outro veículo que preocupa a entidade. No fim do ano passado, a GM de São José dos Campos anunciou o fim da produção, o que resultou na demissão de dezenas de trabalhadoras.

“Verificamos uma queda representantiva na produção. Por causa disso, houve excedente de mão de obra. Por enquanto, não há nada confirmado, mas apreocupação existe”, disse o presidente do sindicato, Aparecido Inácio da Silva, Cidão.

Para impedir o hipotético fim do terceiro turno e a demissão de aproximadamente duas mil pessoas, o sindicato sugere que a GM invista na produção de um novo veículo. “Talvez trazer outro veículo para ser produzido aqui. Tem de haver uma readequação para não prejudicar os trabalhadores”, disse. Por meio de sua assessoria de imprensa, a GM informou que não comentaria o assunto.