A produção industrial brasileira recuou pelo terceiro mês seguido em maio deste ano, caindo 0,6% na comparação com abril e 3,2% na comparação com maio do ano passado.
Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (2) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Analistas consultados pela agência de notícias Reuters esperavam queda de 0,55% entre abril e maio, e recuo de 3,2% entre maio do ano passado e maio deste ano.
A produção industrial havia recuado 0,3% em abril e 0,5% em março. A última vez que a indústria encolheu por três meses seguidos foi no segundo semestre de 2011. Nos três meses, a queda acumulada foi de 1,6%, segundo o IBGE.
Também foi a terceira queda seguida na comparação anual (entre maio deste ano e maio do ano passado). Em 12 meses, o resultado acumulado do indicador é positivo em 0,2%, menor do que os dos meses anteriores (0,7% em abril e 2% em março).
De janeiro até maio deste ano, o índice acumula queda de 1,6%.
Baixa produção afeta empregos e PIB
A queda da produção nos últimos meses já custou quase 30 mil empregos no setor somente em maio, de acordo com dados recentes do Ministério do Trabalho.
Para tentar evitar mais demissões, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, prolongou até o final do ano o desconto no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre as vendas de veículos e móveis.
A indústria tem sido um dos pontos fracos da economia brasileira neste ano, puxando o resultado fraco do PIB no primeiro trimestre.
Situação não deve melhorar em junho
De acordo com pesquisas de outros institutos, a produção industrial não deve ter melhorado em junho. Na terça-feira foi divulgado o PMI (Índice de Gerentes de Compras, na sigla em inglês), que caiu para 48,7 pontos, em comparação com 48,8 pontos em maio.
Foi o terceiro mês seguido em que o indicador fica abaixo dos 50 pontos, que separam a indicação de crescimento (acima de 50) e contração (abaixo de 50). Também foi o pior resultado desde julho do ano passado.
15 em 24 setores caíram entre abril e maio
A queda da produção em maio atingiu a maioria dos setores pesquisados pelo IBGE, afetando três das quatro categorias amplas de estudo.
Os bens de consumo duráveis tiveram a maior queda, de 3,6%; os bens de capital caíram 2,6%; e os bens intermediários recuaram 0,9%. Só a categoria de bens semi e não-duráveis apresentou alta, subindo 1%.
Na divisão por setores, 15 entre os 24 pesquisados tiveram queda entre abril e maio. As principais influências negativas, medidas pela sua importância na composição geral do índice, foram os produtos derivados de petróleo e biocombustíveis, que recuaram 3,8%, seguidos pelo setor de veículos automotores, reboques e carrocerias, com queda de 3,9%.
Outras contribuições negativas importantes, segundo o IBGE, foram do setor de metalurgia (queda de 4%); equipamentos de informática, eletrônicos e óticos (baixa de 5%); máquinas, aparelhos e materiais elétricos (recuo de 2,1%); móveis (-4,4%); e produtos de borracha e plástico (queda de 1,4%).