As montadoras derrubaram sua previsão para a produção de veículos neste ano. Se antes esperavam uma alta de 1,4%, agora falam em tombo de 10%, para 3,339 milhões de unidades. Se essa projeção for confirmada, será a maior queda na produção desde 1998.
Já a expectativa para as vendas foi revista de alta de 1,1% para queda de 5,4%, para 3,564 milhões de unidades. Se essa previsão de queda nas vendas for confirmada, será o segundo ano consecutivo de recuo nos licenciamentos de veículos no país após nove anos de crescimento ininterrupto.
A revisão foi divulgada nesta segunda-feira (7) pela associação que representa as fabricantes de veículos, a Anfavea. A entidade já tinha alertado que faria um corte em suas projeções para 2014, com a piora nas expectativas de produção, vendas e exportações de veículos.
Produção cai 16,8% no semestre em relação a 2013
No primeiro semestre, a produção de veículos registrou 1,66 milhão de veículos montados, o que representa uma baixa de 16,8% em relação ao mesmo período doano passado.
Somente em junho, foram produzidos 263,6 mil carros, comerciais leves, caminhões e ônibus. Em relação a maio, isso representa uma queda de 23,3%. Já em relação ao mesmo mês de 2013, o recuo atinge 33,3%.
Ainda segundo dados da Anfavea, a exportação de veículos e máquinas agrícolas do Brasil em junho caiu 23,7% em relação a maio, e fechou o primeiro semestre com uma baixa de 23,1% se comparada com os seis primeiros meses de 2013.
Montadoras em crise
A venda de carros e veículos comerciais leves teve o pior primeiro semestre dos últimos três anos. Foram vendidas de janeiro a junho 1.583.066 unidades, contra 1.707.633 no mesmo período do ano passado, o que indica uma queda de 7,3%.
O desempenho do primeiro semestre só foi melhor que o resultado do mesmo período de 2010, quando foram vendidos 1.393.677 carros e comerciais leves.
As montadoras têm anunciado ajustes de produção, que incluem suspensão de contratos de trabalho, programas de demissão voluntária, antecipação de férias e semanas mais curtas de trabalho.
As medidas têm reflexo no emprego, um dos principais pilares do governo da presidente Dilma Rousseff. O segmento de veículos mostra queda de 3,5% no número de vagas ocupadas em maio, na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo a Anfavea.
Governo adia alta do IPI
Por conta da crise nas montadoras e sob pressão das empresas, o governo decidiu adiar para o ano que vem a alta do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobreveículos novos, que estava prevista para entrar em vigor a partir de 1º de julho. Com isso, as alíquotas de IPI continuam reduzidas até o fim de 2014.
A decisão foi feita sob o compromisso do setor em manter o nível de emprego.