Mudança no ponto trará dificuldades para o trabalhador

Trabalhador terá que juntar os comprovantes por cinco anos, o que corresponde a 120 metros de papéis picotados por pessoa

Sabe aquela caixa de sapatos ou  vasilha de biscoitos vazia? Então, elas vão ganhar importância na vida do trabalhador a partir do próximo dia 25. Poderão ser peças fundamentais para guardar os comprovantes da marcação do ponto eletrônico que, a partir de então, serão obrigatórios. Cada funcionário vai gerar, no mínimo, dois comprovantes por dia.
No mês, o valor sobe para 44, na média, para quem bater o ponto cinco dias na semana. Em um ano serão 24 metros de papel picotados a serem juntados. E, apesar de o Ministério do Trabalho e Emprego informar que não é obrigatório guardar o cupom, a prudência manda juntar os papéis por cinco anos, prazo limite para recorrer à Justiça caso haja algum problema. Resultado: a vida do trabalhador vai virar um inferno.
O Ministério do Trabalho é rígido sobre a necessidade do cupom – uma forma de evitar fraudes que ainda fornece ao trabalhador um comprovante.
“O governo fala em  combater fraudes na marcação de pontos, E por isso todas as empresas que agem corretamente vão ser punidas. Enquanto as fraudes irão continuar. Isso é irracional”, critica Emerson Casali, gerente da Confederação Nacional das Indústrias (CNI).
Outra queixa é sobre a questão ambiental. Segundo um cálculo da CNI, a estimativa é que o volume de tíquetes chegue a um bilhão por ano. O ministério rebate alegando que o papel será “100% reciclável e, como todo papel fabricado no país, terá suas fibras retiradas de madeira originada de reflorestamento.”
O vice-presidente das empresas fabricantes das máquinas de ponto, Dirceu Melo Pimenta III, alerta que os prazos para a entrega é de 45 dias. Por isso, muitas empresas ainda não conseguiram se adequar à lei. O gerente do departamento sindical da Fiesp, Márcio D?Angiolella, espera que a legislação  seja alterada. “Do jeito que está, todo mundo vai entrar na Justiça. Não temos condições de cumprir a lei”, diz. Alheio a isso, o trabalhador separa suas caixas.