O Estado de S. Paulo
Criação de emprego formal no País cai 88% em novembro
Sequela do baixo crescimento da economia, o movimento típico de contratação que ocorre todos os anos em novembro, quando as empresas buscam trabalhadores temporários para a demanda do Natal, não foi suficiente para reverter o cenário de baixa criação de empregos verificado no País ao longo de 2014.
O saldo de empregos formais em novembro foi de apenas 8.381 vagas. O resultado foi o pior para os meses de novembro desde 2008, ano que marcou a aterrissagem forte da crise financeira internacional com um saldo negativo de 40.821 postos de trabalho.
A redução foi de 87,92% na comparação com novembro de 2013, no qual houve a geração de 69.361 vagas, na série ajustada. Já na série sem ajustes, a queda nessa mesma base de comparação foi de 82,3% (veja o gráfico acima). A perda de fôlego no ritmo do nível de contratação consta do balanço do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado na quinta-feira pelo Ministério do Trabalho.
O mercado de trabalho acumula a geração de 938.043 empregos formais nos 11 meses de 2014. É o menor resultado para o acumulado anual até novembro desde 2003. Naquele ano, na série ajustada, o Brasil chegou ao fim de novembro com a geração de 860.887 postos.
O fraco desempenho do mercado de trabalho no ano reflete o baixo crescimento da economia, segundo o economista Guilherme Maia, da Votorantim Corretora. A estimativa oficial do governo é de que o PIB cresça apenas 0,3% em 2014. “Os resultados apresentados por indústria e construção civil estão relacionados com a retração dos investimentos, que devem cair 7% neste ano, depois de terem subido 5% em 2013”, comentou.
Setores. O saldo modesto de vagas em novembro ocorreu em função de demissões no setor de construção civil, que reduziu 48.894 postos no mês passado.
Em seguida está a indústria de transformação, com a demissão de 43.700 vagas. A indústria química puxou os cortes, com redução de 8.530 vagas.
No acumulado do ano, a indústria tem saldo positivo em 7.990 vagas.
Trata-se do pior estoque de postos no acumulado de janeiro a novembro da série ajustada iniciada em 2002 pelo Caged.
O Estado de São Paulo, que é o mais industrializado do País, foi que mais demitiu. O saldo do Estado ficou negativo em 18.319 vagas – queda puxada pela demissão de 29.180 trabalhadores da indústria.
Para o economista Fábio Romão, da LCA Consultores, 2014 foi um ano de ajuste do mercado e que os resultados não devem se repetir em 2015. “A indústria teve em 2014 um fechamento de postos importante, que não vai acontecer ano que vem novamente”, afirmou.