BENEFÍCIO
O ano começou com 1044 demissões nas montadoras instaladas no Brasil e ameaças de mais cortes nessas empresas. No ano passado, outras 12,4 mil vagas foram fechadas. Os dados mais recentes sobre envio de recursos ao exterior mostram, porém, que as montadoras, beneficiadas pela renúncia fiscal do governo desde 2009, enviaram muitos lucros para suas matrizes em 2014. De janeiro a novembro, enquanto o governo gastou cerca de R$ 3,6 bi com a redução do IPI (estimativa da Receita Federal), as montadoras enviaram às suas matrizes R$ 2,06 bilhões em dividendos.
O governo defendia os cortes no IPI com o argumento de que a indústria automobilística é grande empregadora, embora a antiga equipe econômica não tenha sido capaz de apresentar um estudo que relacionasse os recursos gastos aos possíveis empregos criados pela renúncia fiscal. Segundo a Anfavea, o setor empregava 144,6 mil pessoas ao final de 2014. Um ano antes, o número chegava a 157 mil.
De 2009 até novembro de 2014, as montadoras enviaram R$ 49,9 bilhões ao exterior (pela cotação do dólar nesta segunda-feira). Ainda sem os números oficiais, a Receita projeta que os cortes no IPI dos automóveis tenham atingido R$ 16,1 bilhões no período.
A sugestão em voga é que o governo banque parte dos benefícios trabalhistas dos metalúrgicos demitidos pelas empresas, o que seria mais um enigma desse casamento entre governo e montadoras. É algo que nenhum outro setor desfruta.
Fonte: Blog da Miriam Leitão