Centrais farão ato contra política econômica

Manifestação em São Paulo reúne os seis principais sindicatos no Dia Nacional de Lutas 

As seis centrais sindicais – Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Nova Central, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) – escolheram os prédios da Petrobras e do Ministério da Fazenda na Avenida Paulista, em São Paulo, para realizar o Dia Nacional de Lutas. A concentração dos sindicalistas está marcada para as 10 horas desta quarta-feira (28).

A ideia dos sindicalistas é entregar documentos para as diretorias das entidades com questionamentos sobre a linha econômica adotada pela nova equipe da presidente Dilma Rousseff. No caso da Petrobras, os sindicalistas querem também chamar a atenção para o escândalo de corrupção deflagrado pela Operação Lava Jato.

“Nós defendemos investigação, mas a empresa tem que ser preservada”, afirmou o secretário-geral da CUT, Sergio Nobre, destacando que os escândalos de corrupção na empresa estão levando a perda de empregos em fornecedores e prestadores de serviço da Petrobras.

Nobre disse ainda que na Fazenda o “recado” que as centrais querem passar é que a agenda econômica de Dilma é a que havia sido proposta pelo tucano Aécio Neves. “Majoritariamente as centrais apoiaram sua candidatura porque eram justamente contra essa agenda do Aécio. Nós não queremos esse modelo que pune o trabalhador”, disse. “Está em jogo tudo o que se conquistou nos últimos 12 anos”, completou o dirigente.

Para o secretário-geral da Força, João Carlos Gonçalves, o Juruna, as medidas anunciadas pelo novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, não atendem aos anseios dos sindicalistas. “O Levy agradou mais Arminio Fraga do que a nós”, disse, em referência ao ex-presidente do Banco Central, que fazia parte da equipe de Aécio e que, em entrevista ao jornal o Estado de São Paulo, publicada neste domingo, teceu muitos elogios ao novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

Na semana passada,  entretanto, representantes das centrais tiveram uma reunião, realizada em São Paulo, com a presença dos ministros da Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto; da Previdência Social, Carlos Gabas; do Planejamento, Nelson Barbosa; e do Trabalho e Emprego, Manoel Dias. 

Os sindicalistas pediram o fim das Medidas Provisórias 664 e 665, anunciadas pelo governo federal no último dia 30 de dezembro, relacionadas à Previdência Social, ao seguro-desemprego e ao seguro defeso. Após a reunião, no entanto, coube a Miguel Rossetto dizer que estava aberto o diálogo com os sindicalistas e que o governo iria fazer reuniões técnicas para explicar a necessidade das medidas.

Na ocasião, segundo os sindicalistas, os ministros foram informados sobre o ato do dia 28 e que os trabalhadores continuarão mobilizados para derrubar as MPs. “Nós queremos continuar conversando, mas essas conversas têm limite. E para que seja estabelecido o diálogo as medidas têm que ser revistas”, afirmou o secretário da UGT, conhecido como Chiquinho.

Segundo ele, além do conteúdo das medidas, a forma como elas foram anunciadas trazem um sentimento de “traição” por parte do governo. “Estamos totalmente abertos para diálogo, mas não vamos aceitar esse tipo de comportamento empurrado goela abaixo”, disse Chiquinho.

De acordo com os sindicalistas, no fim da semana passada, já houve uma reunião técnica com o governo em Brasília, mas sem avanços. E outras devem ser agendadas. Independentemente disso, as centrais já se mobilizam para mais uma mobilização, no dia 26 de fevereiro. “Na marcha de fevereiro vamos reapresentar a nossa pauta de reivindicações. Precisamos de mobilização e pressão”, afirmou Nobre.