Regra para reajuste do salário mínimo será votada na próxima semana, diz Cunha

Pauta também incluirá regulamentação dos direitos dos trabalhadores domésticos, exigência de diploma para jornalista, vaga para mulher na Mesa Diretora da Câmara e renegociação de dívidas de clubes de futebol.

Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Eduardo Cunha: queremos chegar ao Dia do Trabalhador [1º de maio] com a política do salário mínimo sancionada.

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, anunciou a votação, na próxima semana, do Projeto de Lei 3771/12, do deputado Jorge Boeira (PP-SC), que institui uma política permanente para o reajuste do salário mínimo, semelhante à atual, para os próximos dez anos (inflação mais variação do Produto Interno Bruto).

Depois disso, está prevista uma fórmula para aumentos maiores baseada na variação do PIB per capita mais a inflação. De 2003 a 2012, o PIB real per capita aumentou 27,8%.

“Votaremos, com certeza absoluta, na semana que vem. Porque a gente quer chegar o Dia do Trabalhador [1º de maio] com a política do salário mínimo sancionada”, disse Cunha.

Na terça-feira (3), o líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE), havia dito que não havia necessidade de agilizar a votação da proposta, pois a política atual de reajuste vale até o final do ano.

Cunha, por sua vez, disse que o governo terá oportunidade de se manifestar e exercer sua maioria no tema, “se a tiver”.

Direitos das domésticas
O presidente da Câmara também afirmou que propostas não votadas nesta semana, como a que regulamenta os direitos dos trabalhadores domésticos (PLP 302/13), vão estar na pauta da semana que vem.

A Câmara também pode votar propostas de emenda à Constituição. Entre elas, a que obriga as Mesas Diretoras da Câmara e do Senado a terem em sua composição ao menos uma mulher (PEC 590/06). Cunha já se comprometeu com a bancada feminina a colocar o texto em votação na Semana da Mulher, comemorada em março.

Também poderão ser votadas outras duas PECs (206/12 e 386/09), que determinam a exigência de diploma para exercício da profissão de jornalista.

Outro tema na pauta é o projeto que institui a Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte (PL 5201/13, também conhecido como Proforte). Os deputados têm até a próxima quarta-feira (11) para apresentar emendas de Plenário ao texto, dez meses após ter sido aprovado em uma comissão especial.

Quórum
Cunha comemorou o quórum alto de deputados nesta quinta-feira (5), que permitiu a votação do projeto que cria a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (PL 7699/06, antes conhecido como Estatuto da Pessoa com Deficiência). “380 [deputados] no painel [de presença no Plenário] sem a gente esperar muito tempo, isso mostra que a gente voltou ao ritmo de trabalhar, no mínimo, de terça a quinta-feira nesta Casa, com votações até o último momento”, disse.

Em fevereiro, a Mesa Diretora da Câmara restringiu as justificativas para falta de parlamentares para apenas as licenças médicas e as missões oficiais. A decisão foi tomada para ampliar o quórum de votações. Segundo Cunha, sem o corte, as votações às quintas-feiras acabariam. “Os partidos poderiam declarar obstrução e os parlamentares iriam embora escorados na obstrução. E isso iria iniciar uma cultura que, em pouco tempo, não teria ninguém aqui quinta-feira.”

Na opinião do presidente, a medida tem um caráter educativo. “Da mesma forma que qualquer trabalhador brasileiro que não vai trabalhar perde seu salário, o parlamentar também é um trabalhador que, se não trabalhar, não merece ganhar o seu salário”, disse.

Reportagem – Tiago Miranda
Edição – Pierre Triboli