Nova metodologia do IBGE deve evitar queda do PIB em 2014

As mudanças na forma de calcular o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) devem aumentar o tamanho da economia brasileira e afastar o risco de recessão em 2014, preveem especialistas. As contas nacionais vão incorporar gastos bélicos e com pesquisa e desenvolvimento ao investimento e calcular melhor a construção civil e a saúde.

— Os resultados de fim de março (quando o IBGE vai divulgar os dados do PIB de 2014) devem apontar um número um pouco melhor do que se imaginava, por isso, ainda mantemos a expectativa de crescimento zero do ano passado. Sem a revisão seria muito provável queda de PIB em 2014. A revisão pode ajudar nesse sentido — disse Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados.

O investimento deve avançar, já que passam a ser contabilizados itens antes considerados gastos. Já a fatia da indústria deve cair, também por causa da mudança de alguns conceitos. Os dados sobre o consumo das famílias também serão mais detalhados.

— Essa mudança específica (do investimento) tem impacto positivo no PIB. Nos Estados Unidos, (o PIB) aumentou 2,4% por questões conceituais. É um processo longo, que foi anunciado há três anos. Isso é para evitar dizer que mudou agora em função do que aconteceu no ano passado — afirmou o diretor de Pesquisas do IBGE, Roberto Olinto, que até recentemente acumulava a Coordenação de Contas Nacionais.

No Brasil, esse impacto não será tão grande. A produção de pesquisa e de armamentos no país não tem peso tão grande como nos EUA.

Eduardo Velho, economista-chefe da INVX Global Partners também acredita que o país vai se livrar da recessão em 2014.

— É provável que ocorra um impacto de aumentar o PIB, o que deve elevar a probabilidade da taxa real de crescimento ter sido positiva (um pouco acima de zero) em 2014, e, portanto, livrar o Brasil de taxa negativa. O PIB industrial tende a perder mais participação para o de serviços no PIB total.

A revisão do PIB começou a ser feita em 2011. Mudou a classificação das atividades econômicas, houve incorporação de pesquisas específicas, como o Censo Agropecuário 2006 e a Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2008/2009, além da adaptação às recomendações internacionais, para tornar o PIB mais comparável com o de outros países.

— O que sabemos é que o PIB vai mudar de patamar (ficará maior), mas não sabemos se mudará a variação de cada ano — afirma Alessandra Ribeiro, da Tendências.

Nas revisões anteriores, em 1997 e 2007, o PIB aumentou e as variações anuais também.

O economista : deve cair a parcela da dívida pública sobre o PIB, do superávit primário e o déficit nas contas do governo.