Sindicatos franceses mantêm pressão contra reformas de Sarkozy

G1

Reuters
Por John Irish

PARIS (Reuters) – Um sindicalista francês propôs nesta quinta-feira a convocação de uma nova jornada nacional de protestos na semana que vem contra a reforma previdenciária proposta pelo governo, que já motivou uma greve de petroleiros que causa desabastecimento de combustível no país.

A polícia interveio nesta quinta-feira para desbloquear o aeroporto de Marselha, cujo acesso havia sido cortado por trabalhadores grevistas de uma refinaria.

Cerca de um quarto dos 12,5 mil postos de gasolina franceses continuam sem combustível, disse o ministro da Indústria, Christian Estrosi, acrescentando que um depósito de combustível havia sido liberado durante a noite, mas que outros 14, de um total de 200 no país, continuavam bloqueados pelos grevistas.

Na noite desta quinta-feira, sindicalistas farão uma reunião para decidir os próximos passos. Falando à rádio RMC, Bernard Thibault, presidente da poderosa central CGT, propôs um novo dia de protestos na semana que vem.

“O governo continua intransigente. Precisamos continuar com uma ação em massa já na semana que vem”, disse ele. “Vamos pedir aos sindicatos uma ação forte, que permita às pessoas pararem de trabalhar e irem às ruas.”

A importação de combustíveis na França bateu recordes nesta semana, enquanto o governo tenta contornar o bloqueio no maior porto do país, Marselha – onde 51 navios-tanque aguardam vazios para atracar – e a escassez de combustível provocada pela greve nas 12 refinarias francesas.

O governo de Nicolas Sarkozy se recusa a desistir da reforma, que eleva de 60 para 62 anos a idade mínima de aposentadoria, e motivou os maiores e mais persistentes protestos em toda a Europa contra medidas de austeridade adotadas pelos governos para controlar suas dívidas e seus déficits.

O Senado pode votar a reforma já na sexta-feira, levando os sindicatos a intensificarem sua pressão.

“O governo francês está seguindo o exemplo econômico anglo-saxão”, disse Jean-Claude Mailly, presidente da central radical Force Ouvrière. “Ele precisa estar ciente de que está nos emparedando”, acrescentou, prometendo novos protestos caso a reforma seja aprovada.

Estudantes secundaristas, temerosos de que a reforma piore as perspectivas de empregos para os jovens, também planejam novas manifestações em todo o país.

Os protestos têm sido pacíficos, exceto por incidentes esporádicos na cidade de Lyon (sudeste) e em Nanterre (periferia de Paris), onde confrontos entre jovens e policiais voltaram a ocorrer na quarta-feira.

O Ministério do Interior disse que 245 pessoas foram detidas, elevando a quase 2 mil o total desde 12 de outubro.

O ator Tim Robbins e sua banda cancelaram uma temporada que fariam em Paris, e a cantora Lady Gaga adiou shows marcados para a capital.

A Air France-KLM informou que as greves estão custando 5 milhões de euros por dia para a companhia aérea.

(Reportagem adicional de Emmanuel Jarry, Marc Angrand, Patrick Vignal, Muriel Boselli e Jean-François Rosnoblet em Marselha)