A inflação oficial brasileira, medida pelo IPCA, acumulou 4,56% no ano até abril. Em quatro meses, o avanço dos preços já supera, dessa forma, o centro da meta de inflação perseguida pelo governo para o ano inteiro, de 4,5%.
O índice de inflação acumulado nos quatro primeiros meses do ano é o mais alto para o período desde 2003 (6,15%), quando a economia ainda refletia as incertezas sobre o primeiro governo Lula. O IPCA foi divulgado pelo IBGE nesta sexta-feira (8).
A inflação oficial fechou abril em 0,71%, acima do mesmo mês do ano passado (0,67%), mas em forte desaceleração ao observado em março deste ano (1,32%). Ainda assim, foi a maior taxa para o mês desde abril de 2011 (0,77%).
Nos últimos 12 meses, a inflação acumulou uma alta de 8,17% – acima do acumulado até março (8,13%). No acumulado dos 12 meses, o item energia elétrica acumulou uma valorização de 59,93%.
“Neste mês tivemos a primeira taxa do ano abaixo de 1%. A inflação mostrou desaceleração frente a março, mas não podemos dizer que estamos com nível de inflação baixo, de jeito nenhum. Em 12 meses, ela ainda está na casa dos 8%”, disse Eulina Nunes dos Santos, do IBGE.
O mercado já esperava para abril uma inflação alta, porém abaixo da observada em março. Pela média das previsões de economistas e instituições financeiras ouvidas pela agência internacional Bloomberg, o IPCA ficaria ligeiramente superior –em 0,75% em abril e em 8,23% no ano.
ALIMENTOS PRESSIONAM INFLAÇÃO
Em abril, o grupo de alimentos foi o que mais contribuiu para inflação, deixando para trás o setor habitação, que vinha exercendo a maior pressão sobre a inflação. O grupo avançou 0,97% em abril e contribuiu com 0,24 pontos da alta dos preços no mês.
Entre os alimentos, um vilão da inflação em 2013 foi o destaque do mês: o tomate, com avanço de 17,90% e alta acumulada de 48,65% no ano. Avançaram ainda com força a cebola (7,05%) e o feijão mulatinho (6,55%).
O avanço do tomate e de outros alimentos está ligado à seca e ao aumento da energia elétrica. O forte ajuste da energia foi concentrado nos três primeiros meses, mas seus efeitos ainda são sentidos na economia.
Pressionada por reajustes extraordinários concedidos pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a tarifa de energia subiu 22,08% apenas em março.
Em abril a alta desacelerou para 1,31% no mês, mas o ajuste continua a pressionar o setor habitação, que teve destaque com aumento de 0,93%.
A trajetória de inflação desde o início do ano tem reforçado entre analistas a expectativa de uma inflação em torno de 9% neste ano. No ano passado, a inflação ficou em 6,41%.