Os trabalhadores da indústria, quando dispensados, levam mais tempo para recuperar o emprego do que os trabalhadores do setor de serviços, afirmou há pouco o economista Sérgio Lago, do Banco Central, durante apresentação no XVII Seminário Anual de Metas para a Inflação, no Rio. Além disso, é mais fácil os trabalhadores da indústria migrarem para o setor de serviços. Em tempos de política monetária mais apertada, o emprego na indústria também é mais frágil, disse o economista.
A partir de dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) e da Pesquisa Industrial Mensal – Emprego e Salário (Pimes), ambas do IBGE, Lago concluiu que o tempo de retorno ao mercado de trabalho no setor manufatureiro é de dois anos e meio. Nos serviços, o estudo mostra que esse prazo é cortado em cinco vezes, para apenas seis meses.
“Além disso, é muito mais fácil eles se deslocarem da manufatura para os serviços do que o contrário”, afirmou o economista. Segundo o pesquisador, um funcionário da manufatura levaria quatro meses para migrar de atividade, enquanto um trabalhador do setor de serviços precisaria de 10 anos em média para encontrar uma colocação na indústria. “O poder de barganha do setor de serviços também é muito maior do que o de trabalhadores da manufatura”, acrescentou Lago.
Em tempos de aperto na política monetária, um choque faz com que, em um primeiro momento, o emprego na indústria não sofra baixas. O ajuste inicial é feito no número de horas trabalhadas. Apesar disso, com o passar do tempo, as vagas nesse setor ficam mais fragilizadas, o que não acontece nos serviços.
“Nos serviços é diferente, o grande ajuste é nas horas trabalhadas. O choque de política monetária faz com que o salário real caia, então o setor não tem grande estímulo a demitir, pois o custo de mão de obra fica mais barato”, comentou o economista do BC.