Trabalhadores da General Motors estão acampados em frente à fábrica em São Caetano. Cerca de 40 operários se revezam entre 20 barracas para protestar contra as demissões dos 419 trabalhadores que estavam em lay-off (suspensão temporária de contrato), na semana passada. O movimento pede especialmente a reintegração de profissionais sequelados, ou seja, que sofreram acidente de trabalho ou possuem restrição médica.
Outro pleito é a adesão da montadora ao PPE (Programa de Proteção ao Emprego), que oferece a possibilidade de redução de até 30% da jornada de trabalho, com diminuição de 30% do salário pago pelo empregador, mas de apenas 15% para o profissional, já que o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) complementa os 15% restantes.
“Não dá para entender. Quando o governo finalmente concede um incentivo para manter o emprego, a montadora demite 419, sendo vários lesionados, que teriam direito à estabilidade na empresa, conforme a convenção coletiva da categoria. A GM está na contramão de tudo”, explica um operário que preferiu não se identificar, pois está atualmente em lay-off até outubro e teme ser demitido.
O ato está sendo organizado pela chapa de oposição ao atual comando do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano. “O sindicato infelizmente se omite, alega que foi aceita em assembleia a estabilidade de seis meses (a montadora pagou os salários referentes aos próximos seis meses na rescisão). Mas nem com tudo o que é aprovado em assembleia de fato estamos de acordo. Não há democracia nesses atos”, desabafa o trabalhador suspenso.
Questionado, o presidente do sindicato, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, afirma que esses funcionários estão “passando a carroça na frente dos bois”. “É legítimo o acampamento deles, mas, antes, eles deveriam ter procurado o sindicato para que pudéssemos tentar negociar com a empresa.”
Cidão conta que houve 28 pedidos de reconsideração dos cortes, sendo que dez foram apresentados à GM na noite de ontem para que sejam avaliados novamente. São operários com algum tipo de lesão ou doença. A resposta deve sair hoje.
Em relação ao PPE, o sindicalista disse que ainda não está conversando sobre isso com a fabricante, porque esses trabalhadores suspensos ou demitidos eram do terceiro turno, em que já havia excedente e nada poderia ser feito devido ao mau andamento da economia, que derrubou as vendas. Atualmente, existem 1.028 funcionários em lay-off e cerca de 4.500, do primeiro e segundo turnos, na ativa na linha de produção na planta da região.
Procurada, a GM não se manifestou até o fechamento desta edição.