A Mercedes-Benz informou nesta segunda-feira que está demitindo 1,5 mil trabalhadores da fábrica de caminhões e ônibus em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. O número corresponde a cerca de 15% dos aproximadamente 10 mil empregados ocupados no local.
Os funcionários começaram a receber na sexta-feira os telegramas com o aviso do encerramento de seus contratos, mas a demissão só será efetivada na terça-feira da semana que vem. Nesta segunda, o sindicato dos metalúrgicos da região deflagrou uma greve para pressionar a companhia a anular o corte.
Em comunicado encaminhado à imprensa, a montadora afirma que a crise na indústria de veículos comerciais exige dos operários a disposição de aceitar “sacrifícios mútuos” para que os postos de trabalho sejam mantidos.
A declaração se refere à recusa do sindicato de recolocar à votação a proposta rejeitada no início do mês passado, que, em troca da manutenção dos empregos por mais um ano, cobrava a redução dos salários em 10%, o corte pela metade do reajuste salarial programado para o ano que vem e o congelamento das promoções salariais.
No início da semana passada, o sindicato e a Mercedes voltaram a negociar alternativas a demissões, mas as negociações foram interrompidas porque a montadora insistiu na manutenção dessa proposta, enquanto a entidade que representa os trabalhadores descartou reapresentar aos empregados da montadora termos que já tinham sido recusados em votação secreta por 74% do quadro.
As negociações foram, então, interrompidas e não há nenhuma reunião entre as partes agendada para os próximos dias.
Em nota, a Mercedes-Benz reiterou que, antes de tomar a decisão de demitir, adotou desde o ano passado diversas medidas para gerenciar o excesso de mão de obra da unidade, estimado em 2 mil pessoas. Caso as demissões sejam concretizadas, a montadora ainda ficaria com cerca de 500 empregados além do necessário. A fábrica está operando com apenas metade de sua capacidade instalada.
Segundo a Mercedes, o gerenciamento do excesso de mão de obra, com medidas como férias coletivas, folgas e suspensão de contratos de trabalho (‘layoff’), trouxe custos elevados, “que não podem mais ser suportados devido ao agravamento da crise econômica”, combinado às quedas de quase 45% das vendas de caminhões e de aproximadamente 30% da comercialização de ônibus. A montadora diz ainda que não tem expectativa de reação desse mercado no ano que vem.