Deterioração do emprego no País pode continuar

– Indicadores de emprego da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostram que a deterioração do mercado de trabalho deve continuar. O índice antecedente de emprego (IAEmp), que mede o apetite de empresários para contratar, caiu 2,6% em agosto ante julho.

Já o Indicador Coincidente de Desemprego (ICD), que reflete a percepção dos brasileiros sobre o mercado de trabalho, recuou 1,4% – isso significa uma melhora, na visão dos consumidores, mas a tendência ainda é de piora, segundo a FGV.

A equipe do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV) projeta a taxa de desemprego, calculada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), em 8,5% na média de 2015 e em 9,5%, em 2016 – ante uma média de 6,8% em 2014. No segundo trimestre, a Pnad Contínua registrou taxa de 8,3%, maior nível da série da nova pesquisa do IBGE, iniciada em 2012. “A tendência é continuar aumentando”, afirmou Moura.

Com o recuo de 2,6%, o IAEmp atingiu, aos 64,2 pontos, o menor nível desde janeiro de 2009 (62,8 pontos), auge da crise internacional iniciada em 2008. Moura chamou a atenção para o quadro no setor de serviços. O indicador que retrata a situação atual dos negócios para o segmento (retração de 7,0%) foi um dos que puxaram a queda no IAEmp. Outro componente que teve contribuição negativa foi a tendência dos negócios para os próximos seis meses na indústria (queda de 5,1%).

“Foi o setor em que a crise chegou por último, afetado pela piora na massa de rendimentos”, disse o pesquisador do Ibre/FGV, lembrando que o desempenho do setor de serviços é muito dependente do consumo das famílias brasileiras, que, em 2015, começou a puxar o Produto Interno Bruto (PIB) para baixo.

De acordo com os últimos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o valor adicionado de serviços caiu 1,4%, na comparação com o mesmo período do ano anterior, com destaque para a contração de 7,2% do comércio (atacadista e varejista) e de 6,0% de transporte, armazenagem e correio. Ao mesmo tempo, o consumo das famílias diminuiu 2,7%, na mesma base de comparação.

Percepção

Por outro lado, o recuo de 1,4% do ICD conforme divulgou a FGV ontem, a primeira queda após sete meses seguidos de alta, significa que a percepção dos consumidores sobre o mercado de trabalho melhorou, mas Moura minimizou o movimento e destacou que dificilmente o índice coincidente escapa da tendência de alta, ou seja, de piora.

Para o pesquisador, o recuo no ICD foi apenas uma “oscilação normal da série”, que vinha subindo desde o início do ano. Quando se olha para a média móvel trimestral, o indicador médio de junho a agosto ainda apresenta queda em relação ao período imediatamente anterior.