Valor Econômico
A crise da economia brasileira, que afeta os principais setores consumidores de aço, levou duas siderúrgicas a tomarem medidas na semana passada para ajustar sua produção à demanda. O grupo Gerdau, em sua usina de aços longos especiais de Pindamonhangaba (SP). Já a Votorantim Siderurgia, na usina de barras e vergalhões de Barra Mansa (RJ).
A Votorantim, que tem cerca de 11% do mercado de aço longo do país, com três unidades produtivas, confirmou em nota ao Valor que concedeu férias coletivas durante setembro aos funcionários da unidade de aciaria, onde é produzido o aço bruto que depois se transforma em produtos finais. No entanto, não informou o número de pessoas atingidas.
Segundo a empresa, a medida – “visando a adequação dos altos níveis de estoques à demanda atual de mercado”-.não incluiu funcionários das unidades de laminação, acabamento e administrativa. A empresa informou que as operações em Resende (RJ) e Três Lagoas (MS) operam normalmente.
Em Barra Mansa e Resende, está apta a produzir 1,8 milhão de toneladas de aço bruto, além de produtos laminados. Já na Sitrel, unidade de laminação de Três Lagoas, a capacidade de produtos acabado (vergalhão) é de 400 mil toneladas por ano. A empresa tem ainda duas usinas no exterior – uma na Colômbia e outra na Argentina.
A retração da demanda em patamares de quase 20%, fez com que a Gerdau concedesse layoff (suspensão temporária de contratos de trabalho) para 200 funcionários da sua usina de Pindamonhangaba, que faz aços especiais. O produto tem como principal cliente a indústria automotiva – principalmente de veículos pesas, como ônibus e caminhões. Esse segmento enfrenta uma profunda depressão com queda de vendas de 30% a 43%.
A medida vai vigorar por cinco meses, a partir de outubro, e tomada também para ajustar sua produção à fraca demanda do mercado brasileiro. A proposta foi aprovada pelo sindicato dos metalúrgicos da cidade, de forma a manter os empregos nesse período.
Esse é o segundo layoff adotado pelo grupo gaúcho nessa unidade: em maio, já havia tomado a mesma medida para 70 funcionários. Ao todo, essa fábrica emprega 1,7 mil pessoas na cidade paulista do Vale do Ribeira. Segundo o sindicato, uma terceira fase poderá ser acertada caso o mercado desse tipo de aço permanceça em baixa.
O setor siderúrgico já demitiu mais de 11 mil pessoas no último ano e pôs em layoff e férias mais de mil. E pode demitir mais 3 mil até o fim de 2015, segundo levantamento do Instituto Aço Brasil.