Cerca de 230 trabalhadoras metalúrgicas participam do Encontro da Mulher Metalúrgica, que o Departamento da Mulher do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi realiza neste sábado e domingo, no Centro de Lazer da Família Metalúrgica, em Praia Grande.
O evento tem como tema “Igualdade de Oportunidades e Tratamento entre Trabalhadores e Trabalhadoras com Responsabilidades Familiares” e trouxe como palestrantes a médica ginecologista Albertina Duarte, da Coordenadoria de Políticas para Mulheres do Estado de São Paulo, que falou sobre “Ser Mulher, Viver, Sentir e Agir”, e a socióloga Thamires Silva, do Dieese, que desenvolveu o tema do encontro, com destaque para a Convenção 156, da OIT, que prevê igualdade de gênero no mundo do trabalho e está diretamente ligada à equidade de gênero na esfera da reprodução ligada ao cuidado doméstico e familiar.
O encontro celebra o Dia Internacional da Mulher, comemorado no dia 8 de março, e faz parte da programação do Março Mulher, em homenagem à luta das mulheres brasileiras por igualdade de direitos e oportunidades, respeito, cidadania.
A maioria das participantes trouxe a família e muitos maridos participaram da abertura, e também das palestras, enquanto os filhos ficaram aos cuidados de coordenadores de recreação infantil.
A diretora Leninha, coordenadora do Departamento da Mulher, abriu o encontro saudando as participantes,
a diretoria e assessoria do Sindicato, os convidados, José Luiz, secretário estadual do Emprego; Ruth Coelho (secretária de Direitos Humanos da Força Sindical), Carmelita (Sindicato das Costureiras), Maria Auxiliadora (Sindicato dos Brinquedos e secretária de Políticas para as Mulheres, da Força Sindical) e palestrantes.
“Nós, mulheres, podemos, sim, ser mãe e fazer política. Os homens precisam entender isso porque é o que nós queremos”, disse Leninha.
Resistência
As participantes criticaram a proposta do governo de unificação das regras de aposentadoria para homens e mulheres, sendo que a mulher tem dupla jornada, ganha menos que o homem e também é chefe de família. “Querem nos igualar, fazer a gente trabalhar mais. Temos que resistir e estar conscientes de que direitos a gente não pode abrir mão. Não podemos deixar tirar o que levamos muitos anos pra conquistar. Este 8 de março é de resistência”, disse Ruth Coelho.
O presidente do Sindicato e da CNTM, Miguel Torres, lembrou que este é o segundo ano que o Sindicato faz o encontro das mulheres junto com suas famílias, até para dar uma oportunidade às mulheres de participar.
“Este é um dia de reflexão. Estamos passando por uma crise muito grande, política e econômica, o país não está crescendo, não está gerando emprego e todos estão sentindo isso nas suas famílias. Precisamos dar um basta. Estamos trabalhando fortemente para que o Brasil volte a crescer, é função dos trabalhadores apresentar propostas para tirar o País da crise e é isso que estamos fazendo. Apresentamos o documento Compromisso pelo Desenvolvimento e o Programa de Renovação da Frota de Veículos, e estamos organizando manifestações pelo crescimento em todo o país, em unidade com as demais centrais sindicais”, afirmou.
Para o secretário-geral, Arakém, este não é só um dia de comemorar. “A mulher avançou na sua luta e tem que avançar mais. Infelizmente, a sociedade é machista e discriminadora. A mulher tem que ter o mesmo tratamento que o homem, no trabalho e em qualquer outro lugar. O mundo só será melhor no dia em que homens e mulheres forem tratados com igualdade e dignidade”, afirmou.
A diretora financeira, Elza Costa, enfatizou a importância da unidade do trabalho para o fortalecimento da luta. “O Brasil passa por uma crise e temos que enfrentar. Não sabemos o que vem por aí. Temos que nos fortalecer. Este é um dia de integração e temos que refletir. A presidente do Brasil está colocando a mulher numa situação difícil com a questão da aposentadoria igual para homens e mulheres, não podemos aceitar”.
O vice-presidente Tadeu Morais destacou que a participação da mulher tanto no meio sindical quanto na política é pequena e que, muitas vezes, “a culpa é do homem, que
não deixa a mulher participar. Temos que acompanhar nossas companheiras, porque a luta é de todos”, disse.
O encontro foi encerrado com um jantar de confraternização. O domingo foi dia livre para as famílias.