Funcionários criticam reestruturação de bancos públicos

Representantes de trabalhadores de bancos públicos criticaram em comissão geral no Plenário da Câmara, nesta terça-feira (5), a reestruturação pela qual os bancos públicos vêm passando. Eles classificaram o processo de “desmonte” com consequências negativas para a população.

O presidente da Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil, Reinaldo Fujimoto, disse que o banco aposentou cerca de 10 mil pessoas nos últimos meses e fechou 500 agências. Segundo ele, isso deixou os trabalhadores rurais, por exemplo, sem assistência.

“As agências fechadas atendiam a população menos favorecida, a que trabalha com agricultura. Para serem assistidos, vão ter que se deslocar 30, 40, 50 quilômetros”, lamentou.

O presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal, Jair Ferreira, lembrou que a instituição é responsável por 70% dos financiamentos da casa própria e concentra entre os correntistas famílias que ganham até R$ 1.800, segmento que não interessaria aos bancos privados. Ferreira disse que o país já tinha perdido um grande espaço no sistema financeiro público na década de 90 com a privatização dos bancos estaduais.

Um dos autores do pedido para a realização da comissão geral, o deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) criticou a reestruturação, afirmando que ela pode estar preparando o caminho para a privatização dos bancos.

“Nós temos o dever de legar às próximas gerações instituições públicas na área financeira mais sólidas e mais completas, mais capazes de produzir o desenvolvimento do que as gerações anteriores. Nós estamos falando aqui de instituições seculares. E não podemos imaginar que elas estão superadas, muito pelo contrário. Deveríamos pensar em reestruturação no sentido de fortalecê-las e não de esvaziá-las”, defendeu.

Justificativas
No final do ano passado, o Banco do Brasil informou que as mudanças fazem parte de plano para ampliar o atendimento digital. Quase 70% das transações, segundo o banco, já são feitas pela internet.

A Caixa Econômica Federal, por sua vez, informou no início do ano que promoveria a reestruturação do banco e intervenções em cerca de 100 a 120 unidades deficitárias. A Caixa negou, entretanto, a intenção de vender ativos e informou que o foco do banco é melhorar a eficiência reduzindo despesas.

Reportagem – Silvia Mugnatto
Edição – Geórgia Moraes