Multinacional Cargill tenta adotar a nova lei trabalhista sem negociar com sindicato

FONTE: Assessoria de imprensa da Força e Agência Sindical

A Confederação da categoria, a CNTA acionou a União Internacional dos Trabalhadores na Alimentação (UITA), que denunciou essas ações para a direção da Cargill nos EUA.

Segundo José Emílio Contessotto, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Itapira, “a empresa quer fazer ela mesma as homologações dos trabalhadores, implantar banco de horas e não pagar o tempo de deslocamento do empregado, chamado de horas in itinere”.

Apesar dos abusos da Cargill, a mobilização do Sindicato conseguiu barrar a imposição do banco de horas. “Mas os ataques não param por aí. A empresa tenta ignorar a existência da entidade que representa os trabalhadores”. Emílio informou à Agência Sindical que, dos cerca de 300 funcionários da empresa, mais de 40% são sindicalizados.

Emílio Contessotto comunicou as irregularidades ao presidente da CNTA Afins (confederação da categoria), Artur Bueno de Camargo. Artur informou a Agência Sindical que  “a Confederação já acionou a União Internacional dos Trabalhadores na Alimentação (UITA), que denunciou essas ações para a direção da Cargill nos EUA”.

O sindicalista também denuncia práticas antissindicais na multinacional. “Não poderia ser diferente, vindo de um grupo americano. Eles dizem aos trabalhadores que não há necessidade de participação do Sindicato em nenhuma decisão, que a nova lei acabou com essa exigência. E isso é crime”, afirma.

Artur ressalta que a CNTA está tomando as providências cabíveis. “Já acionamos a UITA. Esse tipo de atitude será sempre repudiada e combatida”, enfatiza.

Ele continua: “Nós optamos primeiro por fazer uma pressão política. Caso não surta efeito, entraremos com ações jurídicas. Vamos acionar o Ministério Público do Trabalho, além de denunciar a empresa na Organização Internacional do Trabalho”.

A Cargill enviou a seguinte resposta:
A Cargill está em processo de negociação com o Sindicato dos Trabalhadores na Industria de Alimentação de Itapira (SP) para renovação do acordo de banco de horas dos funcionários da unidade. Ressaltamos que a história de sucesso da empresa na região é fruto do equilíbrio entre os investimentos e as despesas na condução de suas operações, além do seu papel nas comunidades onde atua e na geração de empregos local. Dessa forma, reforçamos que empresa continuará respeitando todas as medidas legais aplicáveis às relações trabalhistas e os direitos de seus funcionários.

Emílio Contessotto rebateu:
“Nosso sindicato não está preocupado com o banco de horas e sim com as demais atitudes da Cargill. Tais como: mudança do local onde está instalado o cartão de ponto, passando do vestiário para os locais de trabalho e com isso acabando com as horas in itinere; homologação das rescisões dentro da empresa, compensação de dias e comentários dos supervisores que, a partir de agora, os trabalhadores não precisam do sindicato e podem negociar direto com a empresa. Deixo bem claro que sempre vamos representar os trabalhadores e estaremos sempre abertos ao diálogo”.