Número de apreendidos entre abril e maio é maior do que o registrado entre outubro de 2016 e fevereiro de 2018
Danielle Brant
O governo americano separou pelo menos 1.995 filhos de imigrantes ilegais que tentavam cruzar a fronteira entre Estados Unidos e México entre meados de abril e maio deste ano. Essas crianças viajavam com 1.940 adultos, segundo o Departamento de Segurança Doméstica dos EUA, que divulgou os números nesta sexta-feira (15).
O número de crianças separadas entre 19 de abril e 31 de maio representa uma aceleração em relação às 1.800 separações do tipo registradas entre outubro de 2016 e fevereiro deste ano, segundo estimativa da agência Reuters.
O total agora se aproxima de 4.000, em dado que não inclui março e o início de abril deste ano. Representantes do departamento não detalharam o local onde as crianças estão sendo mantidas ou a idade delas.
O porta-voz disse apenas que não foram separados adultos de seus bebês. Um porta-voz do Departamento de Segurança Doméstica que não quis se identificar afirmou a jornalistas que as famílias foram separadas para que os pais pudessem ser processados criminalmente.
“Os defensores querem que a gente ignore a lei e deem passe livre às pessoas com famílias. Nós não livramos mais grupos inteiros de pessoas.”
Um agente de fronteiras disse que algumas crianças eram separadas dos adultos por suspeita de que a relação entre eles, na verdade, seria falsa.
Segundo a Reuters, 13% das separações de famílias que ocorreram nos 17 meses até fevereiro deste ano foram provocadas por suspeita de fraude.
A separação é uma das mais polêmicas medidas da nova política de tolerância zero a imigrantes ilegais adotada pela administração do republicano Donald Trump.
Em maio, o procurador geral Jeff Sessions anunciou uma política de tolerância zero segundo a qual todos os que fossem flagrados entrando ilegalmente nos Estados Unidos seriam acusados criminalmente, o que normalmente leva à separação entre pais e filhos.
Uma vez separadas dos adultos, as crianças são tratadas como menores desacompanhados sob cuidados do Departamento de Saúde e Serviços Humanos. Eles então são enviados para instalações do governo, colocados em abrigos temporários ou ficam sob tutela de adultos no país.
A política adotada antes previa que adultos viajando com crianças seriam enviados para tribunais de imigração. A lei proíbe deter crianças com seus pais, porque os menores não são acusados de crime, ao contrário do que acontece com os adultos.
ONU, entidades de defesa dos direitos humanos e líderes religiosos estão entre os que se opõem ao endurecimento do tratamento de imigrantes no país.
Na quinta-feira (14), o procurador-geral respondeu às preocupações manifestadas por líderes religiosos e citou uma passagem da Bíblia sobre a necessidade de obedecer à lei.