Valor Ecônomico
Depois de três anos consecutivos perdendo postos de trabalho formais, cálculos da equipe econômica projetam uma reversão do quadro neste ano.
A estimativa é de que o país encerre 2018 com a criação de mais de 200 mil postos de trabalho com carteira assinada. A avaliação considera uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,6% neste ano.
Segundo técnicos do governo ouvidos pelo Valor, a dinâmica do mercado de trabalho é influenciada, com defasagem, pelo ritmo da atividade econômica. Eles consideram que o crescimento do PIB no segundo trimestre de 2018, ante período imediatamente anterior, será próximo de zero porque foi afetado greve dos caminhoneiros mas, principalmente, pela deterioração das condições financeiras (risco-país e taxa de câmbio).
“Mas isso não significa uma tendência de reversão de criação de empregos. A desaceleração no segundo trimestre teve impacto na redução das admissões”, afirma um membro da equipe econômica. Para esses técnicos, a destruição líquida de postos formais de trabalho no segundo trimestre foi resultado da atividade econômica mais fraca no início do ano. O desempenho melhor da atividade em junho, compensando o impacto da greve dos caminhoneiros para a economia, deve fazer com que no terceiro trimestre o crescimento fique acima de 1%.
A expectativa dos técnicos era de que a curva de recuperação da economia fosse mais íngreme neste ano. Mas ela está ocorrendo de forma “mais deitada” e, com isso, a taxa de desemprego deve cair no decorrer do ano mais de forma mais suave. “Neste ano, o crescimento será maior do que no ano passado e, com isso, a taxa de desemprego também será inferior”, destacou um técnico do governo.
Com a atividade econômica mais aquecida no fim do ano, o entendimento é que as demissões de temporários em dezembro, que normalmente ficam na casa dos 400 mil, serão menores, contribuindo para um resultado positivo para o mercado de trabalho em 2018.
Os técnicos ressaltam ainda que a retomada do emprego formal tem sido recentemente disseminada em todas as regiões do país, quando avaliados os dados acumulados em 12 meses. Além disso, a reforma feita pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) nas regras para financiamento imobiliário com recursos da caderneta de poupança deve dar um fôlego ao setor da construção civil, um dos que mais sofre com o baixo crescimento, falta de investimentos e insegurança jurídica.
Porém, o entendimento é que uma retomada mais forte da economia, e consequentemente do mercado de trabalho, depende do comprometimento do presidente eleito com a aprovação de reformas como a da Previdência Social. Isso abriria espaço no orçamento para ampliar o investimento público, hoje comprimido pela elevada despesa obrigatória como pagamento de aposentadorias e pensões e salários de servidores públicos.
A equipe econômica destaca que o crescimento da economia não está vindo como era esperado pelo governo no início do ano, quando se projetava um aumento do PIB de 3%. Mesmo assim, o país ainda terá um desempenho melhor do que no ano passado (quando o avanço foi de 1%). Raciocínio que também vale para o mercado de trabalho.
A visão positiva contrasta com os dados de junho, quando o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, registrou fechamento líquido de 661 vagas com carteira. Foi o primeiro mês com saldo negativo em 2018. No acumulado do ano, no entanto, o saldo está positivo em 392.461 empregos. Mesmo com o desempenho negativo recentemente, os técnicos avaliam que o movimento foi pontual e seguem otimistas de que haverá saldo positivo ao fim de dezembro.