O envelhecimento é um processo natural da vida. É uma consequência de estarmos vivos. Quanto mais vivermos mais envelheceremos.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) nos países em desenvolvimento como o Brasil a velhice se inicia aos 60 anos e envolve: perda da juventude, menopausa, viuvez, perda dos pais, aposentadoria além da independência dos filhos que passam a morar sozinhos e constituem novas famílias. Doenças podem fazer parte da velhice, mas envelhecer não significa ficar doente (pessoas jovens também adoecem).
O envelhecimento envolve perdas, mas talvez lidar com preconceitos e estigmas impostos pela sociedade à respeito da velhice, seja o maior desafio da pessoa idosa.
Nós mulheres vivemos mais que os homens (talvez por estes últimos serem mais resistentes a buscarem tratamentos de saúde) e os impactos da velhice são maiores nas mulheres. Vivemos em uma sociedade que valoriza “o belo”, “o novo” e pouco considera a maturidade, a tradição, a memória e o conhecimento; e por ainda sermos vistas como “objetos de desejo”, somos cobradas a mantermos a eterna juventude. É muito comum ouvirmos frases do tipo:” Homens grisalhos são charmosos, mulheres de cabelos brancos são desleixadas”. (Estamos tentando romper esses padrões, mas ainda temos uma longa batalha nesse sentido).
A depressão é a doença psiquiátrica mais comum entre os idosos, mas é mais frequentes nas mulheres devido a alterações hormonais, alto nível de stress (jornada dupla de trabalho) e porque os filhos ainda são sua maior responsabilidade. A depressão é uma doença mental que invade o indivíduo afetando seu humor, alterando seu apetite (perda ou ganho de peso), perda de interesse por atividades anteriormente prazerosas, alterações de sono (insônia ou sono em excesso), fadiga, angústia e perda do interesse sexual.
O diagnóstico dessa doença só poderá ser feito por um profissional qualificado como o médico clínico e o médico psiquiatra e seu tratamento poderá envolver psicoterapia e/ou medicação. A depressão não pode ser confundida com tristeza. A tristeza é uma resposta normal que nos acomete diante de situações ruins e faz parte de nossas vidas. Devemos ficar muito atentos a nossa saúde física e mental e procurar auxílio médico se nosso organismo der algum sinal de incômodo.
Embora envolva perdas, aceitar o processo do envelhecimento como um processo natural que envolve uma nova etapa da vida, poderá favorecer o idoso trazendo maior tranquilidade e conforto. Reconhecer nossas dificuldades e aceitar novos desafios dessa fase, nos proporcionará melhores condições de lidarmos com nossas crises naturais e refletirmos a respeito. A velhice pode ser o início de algo e não o fim da vida ou a proximidade da morte.
Teremos dificuldades, mas poderemos nos adaptar a elas e aprendermos novas possibilidades. Não precisamos ser tristes, ranzinzas ou solitários. E não precisamos ser um estorvo ou problema para as pessoas.
Nosso estilo de vida também vai refletir sobre nosso envelhecimento e, portanto, evitar o consumo de álcool, cigarros e outras drogas, praticar exercícios físicos diariamente (na medida do possível), fazer visitas periódicas ao médico e aumentar a ingestão de frutas, verduras e legumes podem favorecer e muito nossa qualidade de vida.
Lidar com o stress e problemas do dia a dia aceitando nossas limitações, também poderá facilitar nosso processo de envelhecimento. Devemos focar no presente tentando nos libertar de culpas ou amarguras do passado que não contribuirão em nada em nossas vidas. Buscar a reflexão pode ser um caminho para o equilíbrio (é melhor termos razão ou sossego?).
O convívio social traz alegria, entusiasmo e disposição. Para envelhecermos com qualidade de vida devemos investir nos relacionamentos familiares, ampliar amizades e participar de grupos da terceira idade. Precisamos buscar atividades que nos tragam prazer e motivação. Temos que ter motivos para sairmos da cama todos os dias.
A religião, a fé, a espiritualidade são recursos positivos que também podem ser buscados em qualquer etapa de nossas vidas. Existem estudos científicos que comprovam que a fé pode aumentar a imunidade.
Maria Silvia Chaddad Yamin Fernandes
Psicóloga
