42% das empresas brasileiras abrem vagas de emprego apesar da crise

Correio Braziliense

Cristiane Bonfanti

Enquanto os países desenvolvidos se afundaram na crise econômica e demitiram profissionais, o mercado de trabalho brasileiro se expandiu. A pesquisa International Business Report 2011 (IBR), da consultoria Grant Thornton, revelou que 42% dos empresários brasileiros realizaram contratações nos últimos 12 meses, quase o dobro da média global, de 24%. Com o resultado do estudo, o Brasil passou da 20ª para a 8ª colocação no ranking mundial e ficou atrás apenas da Índia (67%), da Turquia (56%), do Vietnã (52%), da Argentina (47%), de Hong Kong (45%), do Chile (43%) e da Suíça (43%).

“Os gestores também estão otimistas em relação ao futuro. Dos 200 entrevistados, 50% acreditam que vão aumentar o quadro de trabalho nos próximos 12 meses”, afirmou Javier Martinez, responsável pela pesquisa na América Latina. Ele explicou que, embora no último mês o Banco Central tenha detectado retração da atividade econômica em junho, julho e agosto — somente neste último mês, a prévia do Produto Interno Bruto (PIB) calculada pela instituição registrou queda de 0,53% —, no fechamento do ano o resultado será positivo. O estudo ouviu dirigentes de 11 mil corporações em 39 países.

Martinez observou ainda que, a despeito das turbulências financeiras vividas nos Estados Unidos e na Europa, o Brasil está entre os países que mais avançam no cenário global. “O resultado mostrou que, enquanto os mercados emergentes cresceram, os consolidados sofreram retração. Isso é um sinal de que há uma nova ordem mundial. Então, é imprescindível estar atento ao que acontece em mercados como o Brasil, o México, a China e a Índia, que são o motor do crescimento da economia no mundo”, disse.

Pelos números da pesquisa, os países com piores resultados na criação de empregos são justamente os que estão afundados na crise da dívida da Europa. Na Irlanda, 13% dos gestores reduziram o quadro de funcionários. Na Grécia e na Espanha, 32% dos entrevistados realizaram demissões nos últimos 12 meses. A Espanha ostenta o índice de desemprego mais elevado da Europa, mais de 21%, sendo que, entre os jovens de até 25 anos, a taxa supera 40%. Nos Estados Unidos, que também sofrem graves problemas fiscais, o impacto no mercado de trabalho foi menor: 26% dos empresários contrataram.