Aécio defende R$ 560 para aproximar PSDB de centrais sindicais

Congresso: Presidente nacional do partido e líder tucano no Senado insistem na defesa dos R$ 600


Raquel Ulhôa | De Brasília

Sérgio Lima/Folhapress

Aécio e Paulo Pereira da Silva: “Não podemos ficar numa posição quixotesca apenas para marcar posição”

Por articulação do senador Aécio Neves (PSDB-MG) com as centrais sindicais e os líderes da bancada tucana e do DEM na Câmara dos Deputados, o PSDB deve apoiar o aumento do salário mínimo para R$ 560 como “plano B”, após a provável derrota da proposta de R$ 600 – valor defendido pelo ex-governador José Serra na campanha a presidente da República.

“Estou querendo encontrar um caminho político para o partido [no caso do salário mínimo]. Não podemos ficar numa posição quixotesca, só para marcar posição”, afirmou Aécio. “O PSDB tem compromisso com a proposta de R$ 600, mas o realismo político nos orienta a ter alternativa, para não ficar numa posição de isolamento”, disse. Segundo ele, o valor de R$ 560 unifica as oposições com as forças sindicais.

A declaração foi feita após reunião, em seu gabinete, com o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), representante da Força Sindical, dirigentes de outras centrais e dos líderes ACM Neto (DEM-BA) e Duarte Nogueira (PSDB-SP).

Com o movimento, Aécio pretende assumir o papel de interlocutor do PSDB com esses setores, deixando claro que essa relação deve se estender para outros temas, como a correção da tabela do Imposto de Renda. Segundo ele, a abertura da interlocução com movimentos sindicais faz parte da “reorganização do partido” e pode criar um “clima favorável” a aliança em outros assuntos. Aécio busca também se colocar como uma liderança tucana capaz de unir as oposições.

Alguns senadores do PSDB participaram da reunião com as centrais, a convite de Aécio. “Paulinho da Força” defendeu que as oposições se concentrem na emenda fixando os R$ 560, para que a proposta ganhe força, em vez de dispersar em duas emendas.

Depois, Aécio apresentou a ideia do “plano B” em reunião da bancada de senadores do PSDB. A sugestão foi aceita, mas houve a preocupação de evitar que o partido está abandonando a proposta de Serra. “Vamos honrar o compromisso de campanha e sustentar a tese de que o aumento para R$ 600 é tecnicamente possível. Na eventualidade de nossa proposta ser derrotada, vamos acompanhar a das centrais”, afirmou o líder, Álvaro Dias (PSDB-PR).

O presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), em reunião na Câmara, disse que, no primeiro momento, os tucanos têm que defender o aumento para R$ 600 “sem titubear”, porque essa foi a proposta do partido na campanha eleitoral que foi mais bem aceita e compreendida pelo eleitorado.

Guerra disse que a elevação do mínimo para R$ 600 “não é desequilibradora do ponto de vista fiscal”. A orientação do dirigente é que os tucanos apresentem os fundamentos técnicos que sustentam essa posição do partido, considerada a mais consistente pelo eleitorado durante a campanha. Em reunião, Guerra disse que os tucanos deveriam defender os R$ 600 “sem vacilação”.

Segundo o líder, Álvaro Dias, o governo tem condições reais de oferecer um mínimo de R$ 600. “A defesa desse valor foi o compromisso mais absorvido pela população durante a campanha e isso não pode ser esquecido”, disse.