Aprovação à nova Previdência cresce, mas rejeição segue maior

Público a favor da reforma vai a 37% / Rejeição à mudança ainda é de 52% / 54% estão mais ou menos informados / Até fevereiro, apoio pode aumentar

Por Data Poder360

O governo desistiu ontem (13.dez.2017)  de votar a reforma da Previdência ainda neste ano. Houve alguns titubeios e negativas do Planalto. Mas no final da noite ficou claro que o projeto ficou mesmo para outro momento. Os deputados e os senadores aprovaram o Orçamento de 2018. Brasília agora ficará vazia. Não haverá quorum para analisar a emenda constitucional que mudará o sistema de aposentadorias.

Faltou apoio suficiente na Câmara dos Deputados. Não haveria mais tempo para obter os 308 votos, o mínimo necessário para aprovar a reforma.

É fácil entender a decisão do governo observando o resultado da pesquisa DataPoder360 realizada de 8 a 11 de dezembro de 2017. O apoio da população à mudança do sistema está aumentando, mas em ritmo ainda lento e sem conseguir suplantar o grupo contrário.

O público que se posiciona a favor da reforma da Previdência representava apenas 24% da sociedade em abril. O percentual foi a 32% em novembro (quando o governo passou a fazer comerciais na TV explicando o projeto segundo o ponto de vista do Planalto). Agora, já são 37% os brasileiros que dizem ser a favor de 1 novo sistema de aposentadorias.

É uma alta considerável do apoio. Mas, então, qual é o problema? Há ainda uma sólida maioria da população contrária à reforma. Em abril, eram 66%. Em novembro e em dezembro, houve queda para 51% e 52%, respectivamente. São percentuais ainda altos e que parecem estar estabilizados na redondeza dos 50%.

A margem de erro da pesquisa é de 3,1 pontos percentuais, para mais ou para menos. Foram entrevistadas 1.155 pessoas em 118 municípios.

A campanha do governo do presidente Michel Temer está conseguindo aumentar os apoios ao projeto. São pessoas que estavam menos informadas e que estão se convencendo da necessidade da mudança. Ou alguns que eram contra e agora estão mais sensíveis aos argumentos do Planalto.

Há 1 indício, entretanto, de que a partir de agora será necessário 1 bombardeio mais forte para fazer com que essas curvas se invertam –fazendo com que o grupo a favor ultrapasse os “do contra”. Esse tipo de ambiente na sociedade certamente ajudaria ao Planalto na hora de convencer deputados.

Como se trata de tema complexo, o ponto chave agora é disseminar de maneira clara as informações sobre os detalhes da reforma. Segundo o DataPoder360, há 17% dos brasileiros que se dizem pouco informados sobre o assunto. Outros 54% estão “mais ou menos” informados. E apenas 19% afirmam conhecer bem esse debate.

Uma prova de que a propaganda de Michel Temer está sendo eficaz: entre os que se dizem bem informados, 46% declaram ser a favor da reforma da Previdência.

Já no grupo dos pouco informados, sobe para 61% a rejeição ao projeto de 1 novo sistema da aposentadoria.

Tudo considerado: o Planalto agora tem até fevereiro de 2018 para tentar recolocar o tema em pauta. Fazer propaganda a favor da reforma é algo exequível. A intangibilidade estará no fato de que o ano que vem é eleitoral e dificilmente o Congresso andará antes do Carnaval –de 10 a 13 de fevereiro.

Deputados e senadores tendem a ficar mais sensíveis quando precisam votar temas polêmicos em ano de eleição. De 1 lado, pode até haver mais brasileiros a favor da reforma. De outro, a oposição também terá tempo de divulgar sua versão antirreforma e assim tentar evitar a desagregação do eleitorado contrário ao projeto.

DEMOGRAFIA

As regiões do país onde há mais pessoas contra a reforma da Previdência são Centro-Oeste (58%) e Norte (55%). Nas demais (Sul, Sudeste e Nordeste), o percentual de contrários varia perto da média nacional de 52%.

Uma curiosidade: segundo o DataPoder360, há 43% da população do Nordeste que se declara a favor da reforma. Isso contraria o senso comum de que os nordestinos seriam 1 foco de resistência ao projeto. O percentual de apoio é maior do que os registrados nas regiões Sul (33%) e Sudeste (38%).

Quando se estratifica a pesquisa por gênero, o apoio existe de maneira mais acentuada entre as mulheres. O DataPoder360 apurou que 43% das entrevistadas se declararam a favor da reforma da Previdência. Entre os homens, o percentual cai para 30%.

IDADE MÍNIMA

O DataPoder360 também perguntou o que as pessoas, de maneira geral, acham de ter uma idade mínima para se aposentar. Não houve detalhamento como está na proposta do governo (62 anos para mulheres e 65 anos para homens).

Nesse caso, as curvas de apoio à reforma seguem também a tendência geral. Há cada vez mais pessoas favoráveis ao estabelecimento de uma idade mínima. Eram 22% em abril. Agora, são 35%.

De novo, o problema para o governo é que há ainda uma maioria (55%) que se declara contrária à adoção da idade mínima de 65 anos.

ECONOMIA

Outro fator que influi no ânimo dos brasileiros é a percepção sobre o estado da economia. Há só uma variação ínfima e dentro da margem de erro nessa sensação relatada pelos entrevistados na pesquisa do DataPoder360.

Em novembro, 38% diziam que a economia estava pior do que há 1 ano. Agora, o percentual é de 37%.

Os que acham que agora as coisas estão melhores são 26%. Há 1 mês, eram 27%.

Ou seja, está tudo igual, pois foram mexidas quase imperceptíveis.

Como em todas as pesquisas dessa natureza, as pessoas acham que sua situação pessoal econômica vai melhorar mais nos próximos meses (57%) do que a do país (49%).

É bom quando ambas as curvas crescem, pois isso significa que os cidadãos estão recuperando o que no jargão econômico se costuma descrever com uma expressão em inglês: “feel good factor”. Algo como “fator da sensação de bem-estar”.

Ocorre que no caso dos brasileiros, como mostram os quadros a seguir, houve pouquíssima variação de novembro para dezembro –apesar da proximidade das festas de fim de ano, quando as pessoas tendem a ficar mais propensas a demonstrar 1 certo otimismo.

CONHEÇA O DATAPODER360

A operação jornalística que comanda o Drive e o portal de notícias Poder360 lançou em abril de 2017 uma divisão própria de pesquisas: o DataPoder360.

As sondagens nacionais são periódicas. O objetivo é estudar temas de interesse político, econômico e social. Tudo com a precisão, seriedade e credibilidade do Poder360.

Leia a íntegra das pesquisas anteriores do DataPoder360: abril, maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro e novembro.

SAIBA QUAL É A METODOLOGIA

DataPoder360 faz suas pesquisas por meio telefônico a partir de uma base de dados com cerca de 80 milhões de números fixos e celulares em todas as regiões do país.

A seleção dos números discados é feita de maneira aleatória e automática pelo discador.

O estudo é aplicado por meio de um sistema IVR (Interactive Voice Response) no qual os participantes recebem uma ligação com uma gravação e respondem a perguntas por meio do teclado do telefone fixo ou celular.

Só ligações nas quais o entrevistado completa todas as respostas são consideradas. Entrevistas interrompidas ou incompletas são descartadas para não produzirem distorções na base de dados.

Os levantamentos telefônicos permitem alcançar segmentos da população que dificilmente respondem a pesquisas presenciais. É muito mais fácil atingir pessoas em áreas consideradas de risco ou inseguras –como comunidades carentes em grandes cidades– por meio de uma ligação telefônica do que indo até as residências ou tentando abordar esses cidadãos em pontos de fluxo fora dos seus bairros.

O resultado final é ponderado pelas variáveis de sexo, idade, grau de instrução e região de origem do entrevistado ou entrevistada. A ponderação é um procedimento estatístico que visa compensar eventuais desproporcionalidades entre a amostra e a população pesquisada. O objetivo é que a amostra reflita da maneira mais fiel possível o universo que se pretende retratar no estudo.

DataPoder360 trabalha com uma margem de erro próxima a 3 pontos percentuais, para mais ou para menos. A cada pesquisa nacional, são realizadas entrevistas completas em todas as regiões do país.

Esta rodada do DataPoder360 sobre reforma da Previdência e assuntos econômicos foi realizada de 8 a 11 de dezembro de 2017. Foram entrevistadas 1.155 pessoas com 16 anos ou mais em 118 cidades. A margem de erro deste estudo é de 3,1 pontos percentuais, para mais ou para menos.
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