Bancos aumentam juros e recuperam margens

A manutenção da taxa básica de juros (Selic) em patamar elevado e uma concorrência menos acirrada por parte dos bancos estatais criaram condições para os bancos privados aumentarem os juros das operações de crédito.

De julho de 2013 a julho deste ano, segundo dados do Banco Central, a taxa média de juros dos empréstimos para pessoas físicas e empresas passou de 19,09% para 21,36% ao ano. No mesmo período, o spread médio – a diferença entre o custo de captação dos bancos e as taxas cobradas – passou de 11,4 pontos para 13,05 pontos percentuais.

As instituições financeiras estão aproveitando a retração dos bancos estatais para recuperar margens de lucro nas operações de crédito. Desde 2008, a expansão do crédito na economia brasileira vinha sendo liderada pelo sistema financeiro público. Mais recentemente, o próprio governo decidiu ordenar moderação na concessão de crédito.

Nesse novo ambiente, a expectativa de analistas e executivos de bancos é que as grandes instituições consigam ampliar, nos próximos trimestres, a chamada margem líquida de juros, que é a diferença entre as receitas com operações de crédito e o custo de captação, deduzidas as despesas com provisão para devedores duvidosos.

Estudo recente do UBS mostra o efeito da redefinição de preços sobre a margem líquida dos bancos. O levantamento aponta que a margem líquida agregada em valores percentuais de Itaú Unibanco, Bradesco e Banco do Brasil, os três maiores bancos do país, subiu 38 pontos base entre o primeiro e segundo trimestres, de 6,42% para 6,80%. Para os próximos quatro trimestres, os analistas esperam avanço de mais 46 pontos nos três bancos.

A definição do cenário político também pode ter impacto nos juros. Segundo o executivo de um grande banco, as instituições planejam recalibrar para cima as taxas dos empréstimos se houver a percepção de que o novo governo, seja quem for o vitorioso da eleição, promoverá novo aperto monetário. Nesse caso, para evitar um descasamento entre o custo de captação futuro, que é majoritariamente pós-fixado, com as taxas cobradas dos clientes, em sua maioria prefixadas, os bancos tenderiam a se antecipar e iniciar uma nova rodada de alta dos juros já no quarto trimestre.