BC não deve baixar juros agora para estimular a economia, diz Tombini

 

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, descartou nesta terça-feira (22) a possibilidade de reduzir os juros básicos mesmo diante da economia fraca, citando balanço de riscos para a inflação ainda “desafiador”.

“Os riscos inerentes ao comportamento recente das expectativas e das taxas observadas de inflação, combinados com a presença de mecanismos de indexação na economia brasileira e de incertezas quanto ao processo de recuperação dos resultados fiscais e sua composição, não nos permitem trabalhar com a hipótese de flexibilização das condições monetárias”, disse ele durante audiência na Comissão de Assuntos Econômicas (CAE) do Senado.

Tombini destacou a importância do ajuste fiscal como algo “crucial e imprescindível”, e disse que há muito o que ser feito para resgate da confiança da sociedade na economia brasileira.

Tombini também citou alguns fatores que ajudam a tirar força da inflação, como o menor repasse da alta do dólar sobre o real para os preços neste ano. Também destacou o menor ajuste dos preços administrados e fraqueza na economia brasileira, bem como o ambiente externo com tendência de menor crescimento.

Em 12 meses até fevereiro, a inflação medida pelo IPCA mostrou algum alívio, mas e, 12 meses ainda encontrava-se acima do teto da meta do governo –de 4,55%, com margem de dois pontos para mais ou menos.

Tombini repetiu ainda que o BC trabalha para trazer a inflação para dentro do objetivo neste ano e fazê-la convergir para o centro da meta em 2017. Segundo ele, em março, a inflação acumulada deve cair para “um dígito alto”.

O mercado, segundo pesquisa semanal Focus do BC com uma centena de economistas, vê inflação de 7,43% em 2016 e de 6% por cento em 2017.

Tombini também posicionou-se contrário ao uso das reservas internacionais para outros objetivos. “Creio que as reservas são um seguro para permitir à economia transitar em cenários diversos da economia global”, afirmou ele, acrescentando que o atual nível do colchão –de cerca de US$ 370 bilhões– é “moderado”.

“O momento é de resguardar o nosso colchão de liquidez, de resguardar o nosso seguro”, afirmou ele.