Em sua primeira reunião em 2017, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu cortar a taxa básica de juros (Selic) em 0,75 ponto percentual, a 13% ao ano. Os juros estavam em 13,75%. É a terceira redução seguida da taxa. A decisão, tomada nesta quarta-feira (11), foi unânime.
Há quase cinco anos o BC não fazia um corte como esse na Selic. A última vez em que os juros foram reduzidos em 0,75 ponto percentual foi em abril de 2012, quando caíram de 9,75% para 9% ao ano.
Nas duas últimas reuniões, o BC optou por um corte de 0,25 ponto, derrubando a taxa de 14,25% para 13,75% ao ano.
Dos 42 economistas consultados pela agência de notícias Reuters, 38 esperavam corte de 0,5 ponto percentual; três previam uma redução mais agressiva, de 0,75 ponto percentual; e apenas um acreditava que o ritmo de queda seria mantido em 0,25 ponto percentual.
Ritmo acelerado
Desde a última reunião, no final de novembro, O BC vinha dando sinais de que poderia acelerar o corte dos juros. No mês passado, reduziu a projeção de crescimento da economia em 2017 de 1,3% para 0,8%.
Em outra ocasião, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, disse ao “Valor Econômico” que o banco está pronto para olhar “com mais cuidado” a atividade econômica agora que as expectativas de inflação estão convergindo para a meta.
Nesta quarta, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) divulgou que a inflação oficial no país, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), fechou 2016 em 6,29%, dentro do limite máximo da meta do governo, que era de 6,5%.
Alguns analistas também disseram que o BC pode acelerar o ritmo de cortes para 0,75 ponto em fevereiro, após ver mais evidências de progresso nas reformas (trabalhista e da Previdência) propostas pelo governo Michel Temer.
Juros X Inflação
Os juros são usados pelo Banco Central para tentar controlar a inflação. De modo geral, quando a inflação está alta, o BC sobe os juros para reduzir o consumo e forçar os preços a caírem. Quando a inflação está baixa, o BC derruba os juros para estimular o consumo.
A meta em 2017 é manter a inflação em 4,5% ao ano, mas há uma tolerância de 1,5 ponto, ou seja, pode variar entre 3% e 6%.
Juros para o consumidor são mais altos
A Selic é a taxa básica da economia e serve de referência para outras taxas de juros (financiamentos) e para remunerar investimentos corrigidos por ela. Ela não representa exatamente os juros cobrados dos consumidores, que são muito mais altos.
Segundo os últimos dados divulgados pelo BC, a taxa de juros do cheque especial subiu em novembro e atingiu 331% ao ano, e os juros do rotativo do cartão de crédito ficaram em 482% ao ano.
Como juros altos afetam a sua vida?
Empréstimos e financiamentos ficam caros
Aumenta a prestação de uma geladeira ou carro, por exemplo
Sobe o desemprego
Porque as empresas investem menos
As pessoas cortam gastos
Em tese, isso ajudaria a reduzir a inflação
A economia enfraquece
O PIB, Produto Interno Bruto, encolhe
A poupança rende com seu potencial máximo
Quando a Selic está igual ou inferior a 8,5% ao ano, rende menos. Como está acima, vai dar 6,17% ao ano mais a TR
Certos títulos públicos rendem mais
É o caso do Tesouro Selic