O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (16) manter a taxa básica de juros (Selic) em 6,5% ao ano, após 12 cortes seguidos, que começaram em 2016. Ainda assim, os juros continuam em seu menor nível desde que o Copom foi criado, em 1996, e a poupança continua rendendo menos.
A decisão foi unânime e surpreendeu o mercado. De 42 economistas ouvidos pela agência de notícias Reuters, 40 previam corte de 0,25 ponto e apenas dois acreditavam na manutenção da taxa.
Em comunicado, o BC disse que a recuperação perdeu fôlego (“Os últimos indicadores de atividade econômica mostram arrefecimento”) e citou um cenário externo “mais desafiador” e instável, fazendo referência à possível alta de juros nos EUA e a um ambiente menos favorável para países emergentes.
O BC disse, ainda, que a “frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira” pode levar a uma alta da inflação no futuro.
A tendência é manter os juros nesse nível nas próximas reuniões, segundo o comunicado do Copom: “Para as próximas reuniões, o Comitê vê como adequada a manutenção da taxa de juros no patamar corrente.”
Juros ao consumidor são mais altos
A Selic é a taxa básica da economia e serve de referência para outras taxas de juros (financiamentos) e para remunerar investimentos corrigidos por ela. Ela não representa exatamente os juros cobrados dos consumidores, que são muito mais altos.
Segundo os últimos dados divulgados pelo BC, a taxa de juros do cheque especial em março era de 324,7% ao ano. Os juros do rotativo do cartão de crédito eram de 334,5% ao ano, em média.
Poupança rende menos
Desde setembro, a poupança passou a render menos devido a uma nova regra, criada em 2012. Quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, a rentabilidade da poupança é de 6,27% ao ano (0,5% ao mês) mais TR (Taxa Referencial).
Porém, quando a Selic é igual ou menor que 8,5%, a poupança passa a render 70% da Selic mais TR. Isso, na prática, representa um rendimento menor.