O resultado, segundo João Carlos Gonçalves, Juruna, secretário-geral da Força Sindical, mostra a importância dos cursos de formação sindical feitos pela Central para capacitar dirigentes. “O conhecimento faz toda diferença na hora da negociação”, afirma.
“Todas nossas negociações tiveram ganhos reais no ano passado”, disse Antonio Vítor, presidente da Fetiasp (Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação do Estado de São Paulo).
Luís Arraes, presidente da Federação estadual dos Frentistas do Estado de São Paulo, explicou que a inflação do período da data-base da categoria foi de 4,68% e o reajuste salarial, 5,05%.Os metalúrgicos, disse Elizeu Silva Costa, presidente da Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo, fechou acordo para a reposição da inflação, que foi uma espécie de guarda-chuva. Em seguida, os sindicatos negociaram com os empregadores em suas bases e muitos obtiveram aumento real. “Mas, o mais importante”, disse, foi manter a convenção coletiva, inclusive as cláusulas sociais”.
De acordo com o Salariômetro, no ano passado, 79,5% das negociações salariais resultaram em reajustes acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), índice que mede a inflação para famílias com renda até cinco salários mínimos e é referência para os reajustes salariais. Em 2016, essa proporção havia sido de 27,4%.
As correções abaixo da inflação caíram de 46,5% a apenas 10% na passagem de 2016 para 2017, segundo dados do boletim Salariômetro, da Fipe.
“As negociações salariais em 2017 foram muito positivas, considerando que ainda é um ano de baixa atividade econômica e de alto desemprego”, diz Hélio Zylberstajn, professor da FEA-USP e coordenador do Salariômetro.
O resultado favorável, segundo ele, se deve basicamente à queda abrupta da inflação no ano passado. O INPC fechou 2017 com variação de 2,07%, contra 6,58% em 2016, no menor avanço anual desde o início da série histórica do indicador, em 1994.
O reajuste nominal mediano dos salários foi de 5% em 2017, abaixo dos 9,6% de 2016, refletindo a queda da inflação. Já o ganho real mediano ficou em 0,67% no ano passado, comparado a estabilidade (0,0%) em 2016.
O recuo da inflação levou os reajustes reais a se tornarem mais concentrados, com o intervalo de dispersão em 2017 ficando entre 0% e 2,72%, comparado a intervalo de -4,62% a 0,19% no ano anterior. “Como a inflação caiu muito, não puderam haver grandes aumentos, porque eles fugiriam muito da inflação”, observa Zylberstajn. “Num cenário de muita estabilidade dos preços, há uma concentração dos reajustes em torno da inflação, ligeiramente acima”, completa.