Centrais e entidades civis pedem pelo reconhecimento do Estado Palestino

A Força Sindical, CUT, CTB, CGTB, e os movimentos sociais, entre os quais a UNE e o MST, e partidos políticos realizaram na tarde desta terça-feira, dia 20, uma manifestação pelo reconhecimento do Estado Palestino pela Organização das Nações Unidas (ONU).

O ato contou com a presença do embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, e reuniu cerca de 2 mil pessoas na Praça Ramos de Azevedo, em frente ao Teatro Municipal de São Paulo, onde uma grande bandeira palestina foi aberta. De lá, os manifestantes seguiram em passeata até a Câmara Municipal, no Viaduto Jacareí.

A manifestação aconteceu um dia antes da abertura da Assembleia das Nações Unidas, onde a presidente Dilma Rousseff, primeira mulher a abrir uma assembleia da ONU, defendeu o direito do povo palestino à sua pátria.

 Segundo João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical, o ato demonstrou a unidade das centrais sindicais e dos movimentos sociais em prol de um povo que busca a libertação de seu país. “Este foi um ato de paz e solidariedade para fortalecer a luta do povo palestino que busca a justiça”, disse.

Paulo Sérgio Pinheiro, sociólogo da USP, lembrou que neste mesmo dia aconteceram outras manifestações em diversas partes do mundo. “A Autoridade Palestina está tomando uma decisão adequada no momento certo, para que seu país seja reconhecido como Estado”, completou.

Marcelo Buzetto, diretor Nacional do MST, disse que o movimento dos sem-terra está junto com o povo palestino. “Acompanhamos a luta desse povo pelo reconhecimento de seu Estado”.

Esta também é a posição da União Nacional dos Estudantes (UNE). O presidente da entidade, Daniel Iliescu, salientou que é muito importante a unidade apresentada no ato desta tarde em prol da luta de um povo que busca a liberdade e a paz de seu país.

O secretário de Relações Internacionais da CUT, João Antonio Felício, que esteve na Palestina em maio deste ano, falou do muro de 800 quilômetros construído pelos israelenses, que impede os palestinos de circularem em seu próprio país, que dificulta o acesso à água e a ainda das crianças à escola, além de estabelecer uma política de assentamentos ilegais para expulsar a população palestina.

O embaixador Ibrahim Al Zeben agradeceu o apoio do povo brasileiro. “Sinto a alma solidária do brasileiro presente neste ato. Com tantos amigos, a Palestina com certeza vai vencer esta luta e conquistar o reconhecimento do seu Estado”, falou emocionado.

Estiveram presentes no ato diversas lideranças políticas, entre as quais, o presidente do PCdoB Nacional, Renato Rabelo, os vereadores, Netinho de Paula, Jamil Murad e o presidente da Câmara Municipal, José Police Neto.

Entenda os conflitos entre Israel e Palestina 

(Fonte: G1)
Disputa é por terras sagradas tanto para judeus como para muçulmanos.
Saiba como a questão evoluiu desde o fim do século XIX até a atualidade.

Os conflitos entre Israel e Palestina têm extensas raízes culturais que remontam a vários séculos.

Veja abaixo um resumo da evolução, do fim do século XIX até a atualidade, da disputa pela região no Oriente Médio, que possui importante significado religioso tanto para o judaísmo quanto para o islamismo.

Raízes do conflito
Em 1897, durante o primeiro encontro sionista, movimento internacional judeu, ficou decidido que os judeus retornariam à Terra Santa, em Jerusalém -de onde foram expulsos pelos romanos no século III d.C..
Imediatamente teve início a emigração para a Palestina, que era o nome da região no final do século XIX.
Nessa época, a área pertencia ao Império Otomano, onde viviam cerca de 500 mil árabes. Em 1903, 25 mil imigrantes judeus já estavam vivendo entre eles. Em 1914, quando começou a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), já eram mais de 60 mil.
Em 1948, pouco antes da criação do Estado de Israel, os judeus somavam 600 mil.

Estado duplo
Confrontos começaram a ocorrer à medida que a imigração aumentava. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o fluxo de imigrantes aumentou drasticamente, porque milhões de judeus se dirigiam à Palestina fugindo das perseguições dos nazistas na Europa.
Em 1947, a ONU tentou solucionar o problema e propôs a criação de um “Estado duplo”: o território seria dividido em dois Estados, um árabe e outro judeu, com Jerusalém como “enclave internacional”. Os árabes não aceitaram a proposta.

Guerras
No dia 14 de maio de 1948, Israel declarou sua independência. Os exércitos de Egito, Jordânia, Síria e Líbano atacaram, mas foram derrotados.
Em 1967, aconteceram os confrontos que mudariam o mapa da região, na chamada “Guerra dos Seis Dias”. Israel derrotou Egito, Síria e Jordânia e conquistou, de uma só vez, toda a Cisjordânia, as Colinas de Golan e Jerusalém Oriental.
Em 1973, Egito e Síria lançaram uma ofensiva contra Israel no feriado de Yom Kippur, o Dia do Perdão, mas foram novamente derrotados.

Intifada
Em 1987 aconteceu a primeira Intifada, palavra árabe que significa “sacudida” ou “levante”, quando milhares de jovens saíram às ruas para protestar contra a ocupação israelense, considerada ilegal pela ONU. Os israelenses atiraram e mataram crianças que jogavam pedras nos tanques, provocando indignação na comunidade internacional.
A segunda Intifada teve início em setembro de 2000, após o então primeiro-ministro israelense Ariel Sharon ter caminhado nas cercanias da mesquita Al-Aqsa, considerada sagrada pelos muçulmanos, e que faz parte do Monte do Templo, área sagrada também para os judeus.

Século XXI
Com o apoio de Washington ao longo dos anos, Israel permanece nos territórios ocupados e continua se negando a obedecer a resolução 242 das Nações Unidas, de novembro de 1967, que obriga o país a se retirar de todas as regiões conquistadas durante a Guerra dos Seis Dias.
Apesar das negociações, uma campanha de atentados e boicotes de palestinos que se negam a reconhecer o estado de Israel, e de israelenses que não querem devolver os territórios conquistados, não permite que a paz se concretize na região.

Cisma Palestino
Em junho de 2007, a Autoridade Nacional Palestina se dividiu, após um ano de confrontos internos violentos entre os partidos Hamas e Fatah que deixaram centenas de mortos. A Faixa de Gaza passou a ser controlada pelo Hamas, partido sunita do Movimento de Resistência Islâmica, e a Cisjordânia se manteve sob o governo do Fatah, do presidente Mahmoud Abbas.
Hamas havia vencido as eleições legislativas palestinas um ano antes, mas a Autoridade Palestina havia sido pressionada e não permitiu um governo independente por parte do premiê Ismail Hamiya. Abbas declarou estado de emergência e destituiu Hamiya do cargo, mas o Hamas manteve o controle de fato da região de Gaza.

Novos impasses
Em 2010, a tensão voltou a subir. O premiê israelense, Benjamin Netanyahu, decretou a construção de 1.600 novas casas para judeus no setor oriental de Jerusalém, reivindicado pelos palestinos como sua capital.
O anúncio causou oposição até de aliados ocidentais de Israel, como os EUA.
A Autoridade Palestina considera a ocupação judaica na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental o maior impedimento para a paz.

Antigas fronteiras
Em um longo discurso na Casa Branca sobre a política norte-americana para os países árabes em 19 de maio de 2011, o presidente Barack Obama pediu que israelenses e palestinos fizessem concessões para a criação de um Estado Palestino, nas fronteiras anteriores a 1967 e desmilitarizado.

Poucos dias depois, em visita aos EUA, o premiê israelense Benjamin Netanyahu afirmou diante do Congresso americano que Israel se dispõe a fazer “concessões dolorosas”, inclusive de terras, para atingir a paz na região, mas que uma volta às fronteiras de 1967 é “indefensável” e também que a capital, Jerusalém, não deve ser dividida.

Antes da assembleia da ONU
Em agosto de 2011, Israel dá a aprovação final para a construção das 1.600 moradias israelenses em Jerusalém Oriental, decretada no ano anterior. O ato dificulta os esforços liderados pelos EUA em dissuadir os palestinos de buscar o reconhecimento na ONU da nação como um Estado.
No início de setembro, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, reitera o apoio que já havia declarado à criação do Estado Palestino. O início da assembleia da ONU está marcado para 20 de setembro.
Cerca de 500 mil judeus vivem na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, áreas capturadas por Israel na guerra de 1967. Cerca de 2,5 milhões de palestinos vivem no mesmo território.