Ana Flor
Dilma Rousseff vai encontrar resistência das centrais sindicais nesta quinta-feira em seu pleito de mudar as regras dos ganhos da poupança para baixar os juros reais no país, disse o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP).
As centrais se mostram contrárias a mudanças na poupança por acreditarem que elas afetarão o que chamam de pequeno poupador -o brasileiro das classes mais baixas- e irão deixar isso claro em encontro com Dilma nesta quinta, segundo o deputado.
“O governo não pode optar por uma política que sacrifica os pequenos. Se tentar, seremos contra”, disse Paulinho à Reuters nesta quinta-feira.
O governo pode anunciar nesta quinta uma proposta de mudança nas regras da poupança. Dilma vai se reunir com o conselho político, centrais sindicais e empresários e deve discutir a proposta para as mudanças na aplicação.
Fontes do governo disseram à Reuters que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciará a alteração na poupança e que ela deve ser encaminhada ao Congresso por meio de medida provisória.
Paulinho afirmou que as centrais são contra a limitação dos ganhos da poupança em um percentual da Selic -uma das possibilidades em estudo pela presidente e sua equipe econômica -, mas afirmou que é possível negociar a incidência de imposto de renda para aplicações de valores elevados. A opinião é semelhante a de outros sindicalistas.
Paulinho disse que na época em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou propor mudanças na poupança, com cobrança de IR sobre aplicações acima de R$ 50 mil, as centrais concordaram porque cerca de 95% das aplicações ficavam abaixo desse valor.
Em conjunto com outras centrais que participarão do encontro, a Força irá defender que a presidente inclua nas negociações o fim do Fator Previdenciário e a isenção do IR sobre o PRL, que são os prêmios de participação nos resultados pagos por empresas.
A Força Sindical, segunda maior central de trabalhadores do país, recebeu um aceno da presidente com a escolha do novo ministro do Trabalho, Brizola Neto (PDT-RJ), nome defendido por Paulinho, mas que sofria resistência de parte da bancada do partido na Câmara.