Mudar relações de trabalho na construção pesada exige ousadia
Os setores da construção pesada e da construção civil vão continuar crescendo de forma acelerada nos próximos anos, mais que o PIB ( Produto Interno Bruto) do País.
Esta tendência foi demonstrada nesta quarta-feira, dia 8 de junho, por Maurício Muniz Barreto de Carvalho, coordenador-executivo do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), no Seminário Nacional sobre o tema “As grandes obras de infraestrutura e os desafios dos trabalhadores”, que a Força Sindical promove até sexta-feira (dia 10).
Baseado nos dados apresentados pelo representante do PAC, Sergio Mendonça, técnico do Dieese, afirmou aos dirigentes sindicais do setor que é preciso aproveitar a oportunidade e estabelecer novo padrão de relações de trabalho e relações sociais. “O setor da construção pesada emprega sete milhões de trabalhadores e só dois milhões e trezentos mil têm carteira assinada”, observou Mendonça.
Para ele, é necessário chegar a consensos nos grupos tripartites (que reúnem trabalhadores, empresários e governo), para gerar efeitos benéficos para os trabalhadores e cidades onde estão situadas as obras. Isto geraria efeitos que demonstrem as mudanças à sociedade. “Tudo isto exige ousadia e preparo. O sucesso da construção pesada pode alavacar outros setores”, declarou Mendonça.
O vice-presidente da Força Sindical, Miguel Torres, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, afirmou que a intenção do seminário é preparar os trabalhadores para o futuro. “Vai dar muito trabalho, mas vale a pena”, destacou.
João Carlos Gonçalves, Juruna, secretário-geral da Força Sindical, explicou que a palestra sobre as obras do PAC no País teve o mérito de estimular os dirigentes de sindicatos a pensar nacionalmente.
Para Vilmar Gomes dos Santos, presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores da Indústria da Construção Pesada, é importante discutir os gargalos do setor e preparar os sindicalistas para que sejam guerreiros na defesa dos interesses dos trabalhadores do setor.
José Lopes Feijóo, assessor da Secretaria Geral da Presidência da República, disse que para o Brasil continuar crescendo é necessário resolver o déficit da infraestrutura nas obras e também na infraestrutura social. “O crescimento nos dá a responsabilidade ambiental, social e de boas relações de trabalho”.
“Atualmente estamos debatendo um grande acordo nacional na área da cana e da construção civil. Queremos compromisso das empresas no recrutamento, seleção e contratação de trabalhadores, na área de saúde e segurança, além da formação e qualificação”, declarou.
Feijóo enfatizou que “o governo quer negociar e sabemos que o atendimento das reivindicações depende da capacidade de mobilização dos trabalhadores. Isso determina o que os empresários podem ceder. Se a organização sindical não tiver no local de trabalho não tem como resolver a questão”.
PACs 1 e 2
Maurício Muniz Barreto de Carvalho, coordenador-executivo do PAC, fez uma exposição detalhada sobre as obras dos PACs 1 e 2. O PAC 1 tem 15.057 obras e orçamento de R$ 638 bilhões. O PAC 2 não tem número de obras fechadas e orçamento de R$ 955 bilhões, o que corresponde a aumento de 50% de aumento em relação ao PAC1.No ano passado foram gerados 224 mil empregos.
As obras do PAC são hidrelétricas, ferrovias, refinarias, rodovias, ferrovias e hidrovias, além de habitação e saneamento, entre outros. “Estas obras – previstas em todos estados – trazem impactos também nas cidades onde estão situadas”, disse Carvalho.
Hoje à tarde, a discussão será sobre as características da ação sindical em grandes obras, como contratação de pessoal; ação dos intermediários, os chamados gatos; a terceirização; a informalidade; os trecheiros e barrageiros.
Também serão discutidas a organização e funcionamento dos canteiros de obras, alojamentos, refeitórios, lazer, direitos na contratação, jornada de trabalho, folgas, salário igual para salário igual, rescisão, representação sindical no local de trabalho, mesa permanente de negociação, sindicalização, comunicação sindical, ação das centrais sindicais e a necessidade de construção de uma política para exercermos a hegemonia.
No dia 9, pela manhã, será discutida a visão patronal sobre o novo momento da construção pesada, a conjuntura sindical no Brasil, as mobilizações nos grandes canteiros de obras e tarefas da Força Sindical.
À tarde, será debatida a organização setorial da construção pesada e montagem industrial da Central. Entre os temas estão a negociação coletiva e o contrato coletivo nacional, campanha do Trabalho Decente e NR 18.
No dia 10 estão programadas visitas às obras.
Por Assessoria de Imprensa da Força Sindical
Fotos: Jaélcio Santana
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