O foco da comunicação sindical deve ser o associado!
Jornalistas e dirigentes estão acostumados a fazer do sindicato o centro da comunicação.
As ações das diretorias, as falas dos dirigentes, os acordos salariais e os benefícios do sindicato, tudo gira em torno da entidade, enquanto um associado é um apêndice deste processo. Suas opiniões servem para colaborar com as opiniões prévias das diretorias.
A situação nos leva a necessidade de uma inversão da comunicação sindical, item indispensável na luta contra a reforma. Assim como no Marketing houve uma mudança no chamado 1.0 para o Marketing 2.0, é o mesmo caso da ação sindical. O centro de nossa atenção deve ser o associado, como fazer ele parte do dia a dia do sindicato.
Manter a opinião politica da entidade, mas integrá-lo ativamente no cotidiano.
Sindicato nasce num espirito de comunidade!
Os sindicatos nasceram como entidades comunitárias, em que os associados participavam para conviver, dividir angústias e esperanças. Neste sentido, o sindicato deve ser um local de convivência e até de disputas saudáveis, mas não de competições.
Biografias, parabenizações, estímulos positivos aos sócios devem ser cotidianos.
Num cenário de necessidade de reforçar a ação sindical, agregar os desempregados é fundamental, pois o seu tempo ocioso vira tempo precioso para o crescimento sindical.
Neste cenário, comunicação deve ser pensando de forma mais ampla. As ações individuais dos diretores e funcionários se tornam importantes. Não se pode maltratar associados, deixar perguntas sem respostas e ter atitudes impróprias com a conduta sindical.
O dirigente sindical é uma pessoa pública, o seu modo de agir representa os valores da entidade aos olhos do associado. Posturas impróprias não mancham somente o dirigente, mas a própria entidade. Ter vigilância é um papel fundamental.
É necessário repensar o modelo de financiamento das Federações, Confederações e Centrais
O modelo da contribuição obrigatória previa um percentual para as entidades superiores. Com a nova realidade é necessário um modelo solidário, em que no ato da mensalidade associativa, um percentual fique na entidade de base e outro financie a rede do movimento sindical.
Neste sentido, as entidades superiores, as federações, confederações e centrais devem liderar campanhas massivas de sindicalização para continuar existindo.
O Sindicato tem que aparecer!
O sindicato não pode aparecer só na campanha salarial ou nas reclamações trabalhistas. Mas tem que estar constantemente conversando com os associados. Esta atuação reforça as mensagens e possibilita que o associado apareça ou de forma anônima nas fotos de manifestações e eventos ou de forma direta, com entrevistas, artigos ou como fonte.
Sindicato que não aparece, gera dúvidas na base sobre os rumos financeiros da entidade. Transparência é fundamental.
As redes sociais e as novas tecnologias geram alternativas baratas enquanto o número de associados aumenta para atitudes mais ousadas.
O tempo é de recrutar!
Apesar da intensa agenda de luta, o momento é de priorizar a sindicalização. O ingresso de 10% da base em alguns sindicatos é capaz de anular o impacto do fim da contribuição sindical.
A ficha de sindicalização em punho ao lado do informativo é deve ser obrigação do sindicalista.
Alternativas têm! Só é preciso mudar a perspectiva!
Esdras Gomes
jornalista sindical do Ceará