Crédito cresce menos e fica mais caro em abril

Eduardo Campos, Monica Izaguirre e Felipe Marques | De Brasília e São Paulo

O crédito, importante canal de transmissão da política monetária, perdeu ritmo de crescimento e ficou mais caro nos últimos 12 meses. A tendência é uma resposta ao ciclo de alta dos juros promovido pelo Banco Central entre abril do ano passado e abril deste ano. Nesse período, a Selic passou de 7,25% para 11% ao ano. Na quarta-feira, o BC interrompeu o ciclo contínuo de alta e manteve a taxa em 11%.

A queda na demanda, tanto das famílias quanto das empresas, fez com que o crédito tivesse em abril o menor crescimento de toda a série histórica do BC, iniciada em março de 2007. O estoque de operações encerrou o mês em R$ 2,77 trilhões, com avanço de 13,4% em 12 meses, ritmo menor do que o verificado até na crise financeira em 2009. Mesmo o financiamento habitacional e o consignado, que sustentam o avanço do crédito, sentiram a falta de demanda e encerraram abril com importante desaceleração.

A média das taxas de juros cobradas pelas instituições financeiras subiu 2,6 pontos percentuais em 12 meses, passando de 18,5% ao ano em abril de 2013 para 21,1%. Olhando apenas os recursos livres destinados às pessoas físicas, a taxa subiu de 34,4% para 42% ao ano no mesmo período.

O spread – diferença entre as taxas de captação e aplicação dos recursos – também cresceu, em especial para a pessoa física. O spread médio total, em abril, foi de 12,5 pontos percentuais, em comparação com 11,7 pontos um ano antes. Só no mês passado, o spread subiu 20 pontos-base (0,2 ponto percentual), sendo que nas linhas para a pessoa física o avanço foi de 30 pontos. Considerados apenas os recursos livres (excluído, portanto, o crédito imobiliário), o avanço do spread para as pessoas físicas foi de 60 pontos no mês.

A elevação dos juros nesses 12 meses não resultou em uma piora da inadimplência no sistema financeiro. A taxa até caiu, de 3,6% em abril de 2013 para 3% no mês passado, mínima histórica que se mantém inalterada desde dezembro.