O crescimento da renda média familiar nos últimos anos forjou uma pressão extra no mercado de trabalho, já que muitos jovens, agora amparados pela família, conseguem se dedicar por mais tempo aos estudos. Gabriel Ulyssea, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), afirma que a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) entre 2009 e 2011, mostra que a saída de parte da população em idade ativa do mercado de trabalho é uma tendência.
Desagregado por idade, o levantamento mostra que os grupos populacionais com maior percentual de integrantes que saíram do mercado de trabalho nessa época foram as pontas – aqueles entre 15 e 24 anos e os que têm entre 60 e 70 anos. “Isso cria uma pressão de curto prazo, mas acaba sendo benéfica, já que esses jovens voltarão a procurar emprego com melhor qualificação”, afirma.
Dados da Pesquisa Mensal do Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reiteram a análise. Em julho de 2007, o grupo entre 18 e 24 anos respondia por 17,6% da População Economicamente Ativa (PEA). No mesmo mês deste ano, o percentual era de 13,9%.
Parte dos jovens que agora se dedicam mais aos estudos, afirmam os especialistas, deixou de procurar emprego e por isso saiu da população economicamente ativa nos últimos anos. Uma parcela, porém, continua entre as estatísticas de desemprego oculto, pois respondem aos pesquisadores do IBGE que poderiam voltar ao mercado caso surgissem oportunidades. Se a desaceleração da renda média verificada neste ano se aprofundar e começar a pressionar o orçamento familiar, alertam os economistas, esses jovens podem voltar a procurar trabalho e, portanto, constranger as taxas de desemprego.