DCI: Centrais querem agenda com empresariado

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Centrais querem agenda com empresariado

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Sindicalistas pretendem se reunir com setor produtivo para desenvolver pauta por geração de empregos, investimentos e restabelecer a produção das empresas envolvidas na Lava Jato induscon e a CBIC, ambas do setor da construção civil.

As seis centrais sindicais querem criar, até o começo de dezembro, uma agenda junto a representantes da classe empresarial para a retomada do nível de emprego e do crescimento econômico no País.

Uma das medidas que deve ser levada aos setores produtivos é a criação de um fórum para a formação de acordos de leniência e o rápido restabelecimento econômico das empresas envolvidas na Operação Lava Jato. A outra, são estímulos à economia, como o aumento da oferta de crédito.

“Se nós sabemos que a crise lá fora vai demorar a passar, temos que estimular [o crescimento] aqui dentro. Para crescer, é preciso melhorar os salários e expandir o crédito. Esse é um dos pontos de consenso entre as centrais”, afirmou ontem o secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sérgio Nobre, no Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), após reunião com os demais sindicalistas.

As maiores queixas de aumento de desemprego por parte das centrais são nos setores de Petróleo e Gás, Metalurgia, Construção Civil e a Indústria Naval. A intenção dos trabalhadores é ter uma reunião no dia 3 para formalizar o acordo com os empresários. Há um ato marcado para o dia 8, no Rio de Janeiro, onde fica a sede da Petrobras, e, no 9, os trabalhadores querem ir à Brasília para se reunir com representantes do governo, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF), entre outras instituições, com o objetivo de obter “apoio institucional”.

De acordo com o presidente da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), Adilson Araújo, com o agravamento da crise econômica, é preciso separar “o joio do trigo”. “Não é à toa que o Brasil continua a ser uma forma de atração de investimentos, mas se impedir que as obras continuem a dar sequência na produção, o país pode ir à falência. As investigações seguem, e as obras continuam normalmente”, disse.

Divergências

As centrais tentam ainda deixar de lado a sua visão política sobre o governo para estabelecer uma pauta comum. A maior divergência é na Força Sindical, ligada ao Solidariedade, do deputado oposicionista Paulinho da Força (SDD-SP).

Ontem, durante a reunião das centrais sindicais, o presidente da Força, Miguel Torres, fez o discurso mais duro sobre o governo Dilma Rousseff.

“Nós falamos com o governo sobre a construção pesada, e, quando a Petrobras começou a não pagar as empresas e as empresas começaram a não pagar os trabalhadores, foi um caos e o governo não resolveu o problema”, disse Torres. Ele citou também as duas medidas provisórias do governo que dificultam o acesso a benefícios sociais e trabalhistas.

Já para Sérgio Nobre, que é da CUT, central identificada com o PT, a agenda do impeachment “não interessa ao país”. “Não há nenhum elemento para isso [impedimento]. A Operação Lava Jato é bem-vinda porque a corrupção é uma chaga na sociedade brasileira. Mas ela não pode ser combatida e paralisar a economia e o futuro do país. É esse o debate que queremos fazer com o Ministério Público e a Polícia Federal”, destacou.

Proteção ao Emprego

Criado em julho pelo governo, o Programa de Proteção ao Emprego (PPE), que reduz os salários em 15% e a jornada de trabalho em 30% em momentos de crise econômica, não deverá ser suficiente se a situação do Brasil perdurar no próximo ano, diz Nobre. “Se 2016 estiver comprometido, não há Programa de Proteção ao Emprego que segure. Os acordos feitos são por 12 meses e a maioria deve encerrar em dezembro do próximo ano”.