A morte do ex-presidente João Goulart, Jango, é cercada de polêmicas.
Existe a suspeita, nunca investigada, de assassinato planejado pela chamada Operação Condor.
Para ajudar a resgatar e debater a recente história brasileira, nesta quinta-feira (26) foi exibido o filme Dossiê Jango (Brasil, 2013), do diretor Paulo Henrique Fontenelle, na sede da Força Sindical em São Paulo. Após a exibição, o Centro de Memória Sindical e a Força Sindical promoveram um debate sobre o tema.
Participaram da mesa de debate: João Vicente Goulart, presidente do Instituto João Goulart; Cristopher Goulart, neto de Jango; Andréa Casa Nova Maia, Doutora em História Social pela Universidade Federal Fluminense; José Gaspar Ferraz de Campos, sociólogo; Raphael Martinelli, sindicalista ferroviário, amigo de Jango e líder do PCB antes do golpe; O encontro foi mediado por Milton Cavalo, presidente do Centro de Memória Sindical.
Durante a exibição do filme e no debate foram retomados alguns pontos chaves da história da América Latina e do Brasil. Por exemplo, o longa mostrou detalhes de como funcionava a Operação Condor, aliança político-militar entre os regimes militares ditatoriais do Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Paraguai e Uruguai, nos anos de 1960 e 1970.
O objetivo desta ação em conjunto era a manutenção das ditaduras e combater o socialismo/comunismo nestes países. Há relevantes indícios documentais que a Operação Condor contou com o apoio e a intervenção dos Estados Unidos.
Neste contexto, o filme levanta depoimentos e evidências de que a morte de Jango pode ter sido articulada pela Operação Condor.
Dossiê Jango conta como João Goulart foi deposto no golpe militar de 1964, o exílio no Uruguai e na Argentina e mostra depoimentos que podem elucidar a misteriosa morte do ex-presidente.
Oficialmente, Jango morreu de ataque cardíaco em 6 de dezembro de 1976, na Argentina. O documentário levanta a suspeita de que João Goulart teria sido morto após troca de remédios.
João Vicente Goulart afirmou que o corpo de seu pai deve ser exumado nos próximos meses, mas acredita que talvez isso não seja suficiente para esclarecer o caso. Ele agradeceu o esforço da Força Sindical e do Centro de Memória Sindical para realizar o evento e, emocionado, disse que conta com a ajuda dos trabalhadores para que seu pai receba finalmente uma homenagem com honras de estado.
“É importante lembrar que 2014 não é apenas o ano de Copa do Mundo do Brasil. É o ano que completa 50 anos do golpe de 1964. O movimento sindical lutou e se fortaleceu nesse período tão difícil”, relembra João.
O secretário geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, Juruna, afirmou que os companheiros da Força Sindical, das demais centrais e do Centro de Memória Sindical continuam com iniciativas de apoio à Comissão Nacional da Verdade que busca resgatar a história dos desaparecidos no Brasil. “Estamos em uma fase do país em que precisamos rever o que nos foi ensinado nos livros de história e não podemos deixar de mostrar aos mais jovens essa e outras lutas que tivemos para termos o Brasil livre, forte e democrático”, afirma Juruna.