Há uma série de desafios ao movimento sindical que deve ser hierarquizada para organizar sua compreensão, seu enfrentamento e sua capacidade de mobilização e vitória.
O primeiro grande desafio é a obtenção, nas campanhas salariais em curso, de ganhos reais compatíveis com as necessidades dos trabalhadores e da economia que reafirmem o rumo traçado nas lutas pelo desenvolvimento econômico e contra a desindustrialização. Este desafio, de cuja vitória depende o desenlace de vários outros, tem sido enfrentado com mobilizações e greves em vários setores econômicos e exige esforço redobrado no coração do setor produtivo paulista, o dos metalúrgicos.
O segundo desafio é a luta no Congresso Nacional pela substituição do fator previdenciário por uma alternativa negociada que reduza e invalide o pernicioso efeito do fator sobre as aposentadorias correntes. Este desafio requer, além da unidade de ação dos sindicatos e das centrais, ampla mobilização e negociações inteligentes conduzidas por dirigentes sindicais experientes e que sejam também negociadores políticos hábeis, como por exemplo, o deputado federal Paulinho da Força e o senador Paulo Paim.
Outros desafios decorrem das necessidades de reforçar o papel do Conselho Nacional de Relações do Trabalho e do Ministério do Trabalho e Emprego no que se chama de “modernização” das relações de trabalho. Poderia dar como exemplos as discussões sobre a Portaria 186, sobre a tabela de categorias profissionais com a finalidade de “enquadramento sindical” e a discussão, aberta por sindicatos de metalúrgicos da CUT sobre o acordo coletivo com propósitos específicos (cujas implicações agora se expandem para o setor da construção pesada). Estes assuntos que não garantem mobilizações maciças devem ser tratados com muita cautela e circunspecção já que seus efeitos são sentidos de maneira diferente em vários setores e entidades. A boa conjuntura sindical que atravessamos não autoriza, por si só, que nos precipitemos nestas discussões e soluções. Neste caso mais vale amassar o barro juntos do que tentar cortar com espada rombuda a corda do atraso.
João Guilherme, consultor sindical