A taxa de desemprego do país encerrou o período de maio a julho de 2017 em 12,8%, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São 13,3 milhões de desocupados.
A taxa ficou abaixo do piso das projeções feitas por analistas de 24 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data.
Com o resultado, o desemprego ficou 1,2 ponto percentual acima da taxa registrada no mesmo período do ano passado (11,6%) e 0,8 ponto percentual abaixo do período de fevereiro a abril deste ano (13,6%). Essas bases de comparações são consideradas pelo IBGE as mais corretas estatisticamente.
A população empregada cresceu em 1,439 milhão de pessoas frente ao período de fevereiro a abril de 2017. O mercado de trabalho informal e no setor público foram os principais responsáveis por esse crescimento.
O setor público gerou 423 mil postos de trabalho no período. Segundo o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, isso se deve ao calendário eleitoral. “Tivemos eleições no ano passado. Muita gente deixou o emprego nas prefeituras e novas pessoas estão sendo contratadas agora, neste ano. Estamos falando em municípios do país inteiro”, disse Azeredo.
O mercado de trabalho informal foi responsável pelos outros dois terços dos postos gerados. O emprego no setor privado sem registro em carteira ocupou 468 mil pessoas no trimestre encerrado em julho. O trabalho por conta própria (autônomos) foi a solução encontrada por 351 mil pessoas. “A pesquisa mostra que temos números mais favoráveis no mercado de trabalho, mas ele se dá pela informalidade”, disse o pesquisador.
O país tinha 90,677 milhões de pessoas ocupadas no trimestre encerrado em julho, aumento de 1,6% na comparação ao período de fevereiro a abril (1,439 milhão de pessoas a mais). Quando confrontado ao mesmo intervalo de 2016, o contingente cresceu 0,2%, o que significa 190 mil pessoas a mais trabalhando.
A população desempregada — formada por pessoas que procuraram emprego, sem encontrar — recuou 5,1% na comparação com o período de fevereiro a abril, o que representa 721 mil pessoas a menos. Frente ao mesmo período do ano passado, o crescimento ainda é grande: 12,5% (1,48 milhão de desempregados a mais).
A chamada força de trabalho (que soma os empregados e os chamados desocupados) ficou estável de maio a julho deste ano, frente aos três meses anteriores. Na comparação ao igual trimestre de 2016, houve aumento de 350 mil pessoas, o que representa crescimento de 0,5%.
Informalidade pressiona a renda média
Os trabalhadores ocupados tiveram, na média, pequena queda da renda real no período de maio a julho deste ano, na comparação aos três meses anteriores, conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O rendimento médio real habitualmente recebido em todos os trabalhos foi de R$ 2.106 no trimestre encerrado em julho, 0,2% abaixo do período de fevereiro a abril (R$ 2.111) deste ano. Quando comparado ao mesmo período do ano passado, porém, a alta foi de 3%.
No segundo trimestre, esse rendimento já havia registrado queda, na comparação ao três primeiros meses do ano, pressionado pelo aumento do número de trabalhadores informais no país. Em base anual, o avanço tem sido apoiado pela desaceleração da inflação no país.
Já a massa de rendimento real habitualmente recebida por pessoas ocupadas (em todos os trabalhos) somou R$ 186,127 bilhões de maio a julho deste ano, 3,1% maior do que em igual período de 2016 e 1,3% maior do que nos três meses anteriores.